quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Apiúna - Foz do Iguaçu

Tudo pronto pra encarar o desafio de viajar com um gol 1000 pela América do Sul, saindo de Santa Catarina, passando pelo Paraná, Argentina, Chile, Uruguai e subindo pelo Rio Grande do Sul. Revisão feita, tanque cheio, documentos e materiais necessários para viajar pelo Mercosul: carta verde, habilitação internacional, autorização da financiadora para sair do país, cambão e 2 triângulos. Dentro do carro, além das malas abarrotadas de roupas e casacos (tínhamos informações de que na Argentina e no Chile estava fazendo muito frio), levávamos também barraca, colchão de ar, cobertores e todos os apetrechos para camping, pois queríamos ter o prazer de acampar em algum lugar pra lá de especial. Não tínhamos muita certeza de onde dormiríamos, quantos dias íamos ficar em cada cidade, o que ver, o que fazer... A única coisa de que tínhamos certeza era de que não viajaríamos a noite, tínhamos R$ 8.000,00 para gastar (cerca de R$ 258,00 por dia) e que precisávamos estar de volta dia 02 de setembro (fim das férias e volta ao trabalho na segunda-feira) e, especialmente para mim, a certeza de que pararia de fumar. Affff....
A partir de agora faremos um relato completo de nossa aventura dia-a-dia: alimentação, hospedagem, qual o roteiro, enfim... tudo o que fizemos e gastamos durante esses 31 dias de pura emoção. Vem com a gente!!!

03/08/07 (sexta-feira) – 1º dia – Apiúna / Foz do Iguaçu:
Saímos às 7 h e 30 min da cidade de Apiúna/SC pela BR 470 em direção ao oeste do estado, pois nosso destino era Foz do Iguaçu. O odômetro do carro marcava 27.797 km e pretendíamos rodar, pelo menos, uns 10.000 km pelos 4 países. Neste dia viajamos o dia todo por rodovia em boas condições na maioria do trecho, com paradas em Santa Cecília para um café, e em Palmas (já no Paraná) para almoço (buffet). Jogamos na mega-sena em Renascença (estava acumulada!). Abastecemos o carro em Ampére e compramos algumas castanhas da gurizada na beira da estrada.
Chegamos em Foz do Iguaçu já passava das 20 h. À procura de um hotel fomos abordadas por um motoqueiro que nos ofereceu hospedagem. Não se assustem! Isso é normal! (risos). Eles ficam na entrada da cidade só “de olho” nos carros dos turistas, quando detectam um (geralmente pela sujeira), saem em seu encalço e na primeira oportunidade (sinal fechado ou cruzamento) eles te abordam oferecendo as mais variadas coisas, inclusive hospedagem. Foi desse modo que conseguimos um bom hotel rapidinho, rapidinho, sem perder muito tempo zanzando de um lado para outro. Após um relaxante banho, o jantar pedia uma saborosa sopa acompanhada de um bom vinho que saboreamos no restaurante do hotel mesmo.
Depois do jantar, TV e cama...
GASTOS:
102,55 – posto de gasolina Apiúna (0 km);
8,00 – café da manhã (com trident para mim. Deixar de fumar não é fácil! risos);
16,00 – almoço;
3,50 – café da tarde;
3,50 – mega;
5,00 – castanhas;
57,45 – posto Ampére (596 km);
13,20 – 2 pedágios;
39,00 – jantar + vinho + gorjeta;
70,00 – hotel;
TOTAL = R$ 318,20 (passou da cota!!! Estamos no vermelho, devendo 60,14).

04/08/07 (sábado) – 2º dia – Foz do Iguaçú:
Após o café da manhã partimos para as cataratas. Não podíamos passar por Foz sem deixar de ver essa obra espetacular da natureza. O Parque Nacional do Iguaçu foi criado em 1939 por Getúlio Vargas, em 1986 recebeu da UNESCO o título de Patrimônio Natural da Humanidade e está localizado em uma das reservas ecológicas mais belas do planeta. Pagamos o ingresso e embarcamos no ônibus da empresa que administra o parque e que nos levaria até as cachoeiras, distantes uns 7 km da entrada. Fomos recebidas por um dos muitos simpáticos quatis que perambulam por ali e logo em seguida já tivemos nossa primeira visão das cachoeiras (show!), conforme íamos avançando pelo caminho todo calçado e muito bem cuidado, observávamos que as cachoeiras iam aumentando em quantidade, tamanho e volume d’água. O mais impressionante é, sem dúvida, a visão da Garganta do Diabo. O dia estava nublado, quase chovendo, e isso tirou um pouquinho o colorido das cachoeiras mais o lugar é uma MA-RA-VI-LHA de qualquer jeito!!!
Na saída passamos pelo Parque das Aves mas não entramos, ver os “coitadinhos” presos depois de tanta beleza natural não seria a melhor coisa a ser feita. Com certeza tiraria a magia do momento.
Já passava das 15 h quando fomos almoçar. Encontramos um restaurante árabe perto do hotel e foi esse o cardápio da vez.
Aproveitamos o resto do dia e fomos até o Marco das Três Fronteiras, um obelisco que estabelece o limite territorial entre Brasil, Argentina e Paraguai. Do local pode-se observar os três países. Logo abaixo encontra-se o Espaço das Américas que foi inaugurado em 17 de janeiro de 1997 e que pertence à Secretaria da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do governo do Paraná.
“Trata-se de um espaço de caráter político, empresarial e cultural destinado ao aprimoramento e fortalecimento das relações entre os países do Mercosul, posicionando-se como um fórum permanente de discussão de assuntos de interesse comum, colocando o Paraná, em especial Foz do Iguaçu, como um ponto de referência para ações relativas ao processo de integração regional”.
Projetado pelo arquiteto Domingos Bongstabs (o mesmo que projetou a Faculdade do Meio Ambiente em Curitiba), foi construído com o objetivo de ser utilizado também em atividades de educação ambiental. O local tem sido usado para realização de exposições, seminários e outros eventos ligados ao Mercosul. Com 2.240m de área construída, salas de apoio para eventos, praça ao ar livre, tem capacidade para abrigar até 400 pessoas. O local, geograficamente privilegiado, inspira a contemplação. Em torno da construção há uma plataforma circular que permite uma visão toda especial do encontro silencioso das águas dos rios Iguaçu e Paraná. Sua arquitetura, integrada ao meio ambiente que o cerca, mistura o rústico com o moderno.
Ficamos por lá até o anoitecer. Na volta paramos em uma padaria para um café com sorvete e passamos em um mercado para comprar pão, presunto, queijo e suco. Foi esse nosso jantar no quarto do hotel. Uma DI-LÍ-CIA!!! TV e cama... Tínhamos que levantar cedo pois iríamos cruzar a fronteira e partir em direção ao território argentino.
GASTOS:
25,30 – ingressos cataratas;
2,00 – água;
10,00 – 2 imãs pra nossa coleção;
31,00 – almoço;
10,40 – café;
19,00 – mercado;
70,00 – hotel;
TOTAL = R$ 167,70 (ebaaaaaaaaaa......... já recuperamos! Sobraram 30,22).
GERAL = R$ 485,90

05/08/07 (domingo) – 3º dia – Foz do Iguaçú:
Café da manhã, check-out, parada no posto pra encher o tanque eeee........ Argentina nos espera!!! Paramos na cabeceira da ponte internacional Tancredo Neves, que liga os dois países, para registrar nossa passagem com fotos. Chegamos na aduana, felizes da vida com o que tínhamos para conhecer dali pra frente, já treinando nosso “portunhol” com o guarda:
- Nosotros iremos ficar em su pais por cerca de 30 dias, de que necessitamos?
- Cartera de identidad somente – respondeu o guarda.
E eis que Virna tem uma boa notícia: ela só tinha a carteira de identificação profissional (aqui no Brasil é válida como identidade, mas lá não.). Sua carteira de identidade havia ficado no apartamento em Jaraguá do Sul, distante uns 900 km dali. Afffffffffff.............. Tentamos de tudo pra convencer o “dito cujo” mas não teve jeito! Tivemos que dar meia volta e retornar ao Brasil. Ai...ai...ai... bateu um desânimo e os ânimos dentro do carro esquentaram (risos), só esfriando quando passamos pela ponte e lembramos das poses para as fotos (caímos na gargalhada). Tuuuuuuudo bem! Precisávamos pensar no que fazer e... URGENTE. A primeira idéia foi ver a possibilidade de tirar um passaporte (que também serviria pra cruzar a fronteira) na Polícia Federal e foi o que fizemos. Mas, como era domingo, não conseguimos nada, teve que ficar pra segunda mesmo. Já conformadas fomos almoçar um belo rodízio de carnes e, pelo resto do dia, perambulamos pelas praias formadas pela represa de Itaipu, nos arredores da cidade.
Retornamos ao mesmo hotel e o jantar foi um lanche na mesma padaria do dia anterior, pois o almoço tinha sido um exagero! (risos). Depois... TV e cama...
GASTOS:
4,50 – água + trident (a vontade de fumar tava pegando!!!);
26,45 – posto Foz (900 km);
49,00 – almoço + gorjeta;
16,00 – café;
70,00 – hotel;
TOTAL = R$ 165,95 (sobrando 122,33).
GERAL = R$ 651,85

06/08/07 (segunda-feira) – 4º dia – Foz do Iguaçú:
Levantamos cedo e tomamos café. Estávamos com pressa pra chegar na PF e ver a viabilidade de tirar o passaporte. Mais uma vez ficamos decepcionadas pois o mesmo ia demorar uns 5 dias pra ficar pronto (no mínimo!). Não podíamos perder esse tempo todo, nem pensar! Pensamos em voltar até Jaraguá pra pegar a identidade de Virna. Se fizéssemos isso seria um dia pra ir e outro pra voltar, perderíamos dois dias da viagem, bem melhor do que cinco dias ou mais. Então Virna teve a brilhante idéia de ligar pra imobiliária e perguntar pra atendente se ela não poderia fazer o FAVORZÃO de ir até o apartamento dela, pegar a identidade e enviar por sedex pra Foz do Iguaçu. EBAAAAAAAAAA........... ela topou, mas teve que contratar um chaveiro pra abrir a porta, pois não tinha uma cópia da chave. Tuuuuudo bem! Desde que conseguisse pegar a identidade de Virna, o resto era lucro! (risos).
Ela nos ligou de volta dizendo que tinha dado tudo certo, já tinha postado a encomenda com destino ao endereço do nosso hotel e nos passou o número do sedex para podermos acompanhar o andamento. Beleza! Mais tardar em dois dias o sedex chegaria. Show! Valeu Cristina e Cristiane!
Como o dia estava ensolarado, resolvemos visitar as cataratas novamente pois tínhamos certeza que o visual ia ser bem diferente. E lá fomos nós! Estava realmente DES-LUM-BRAN-TE! Almoçamos no nosso amigo árabe e fomos conhecer Itaipu, a grandiosa obra do homem! A maior usina do mundo em operação, apontada como uma das sete maravilhas do mundo moderno. Itaipu é sinônimo de gigantismo, desenvolvimento e modernidade. Uma imensidão de concreto que impressiona e também decepciona, quando se tem a idéia exata do tamanho da destruição da natureza mostrada em pequenas fotos penduradas na primeira parada que nos dão direito depois de entrar na Usina.
Voltamos ao hotel e nosso jantar foi novamente um lanche na padaria do dia anterior. Aliás, essa padaria é uma DI-LÍ-CIA!!!! (risos). Nem senti muita vontade de fumar...
E depois? TV e cama...
GASTOS:
25,30 – ingressos cataratas;
21,00 – almoço;
26,00 – ingressos Itaipu;
22,00 – água + café + lanche;
70,00 – hotel;
TOTAL = R$ 164,30 (sobrando 216,09).
GERAL = R$ 816,15

07/08/07 (terça-feira) – 5º dia – Foz do Iguaçú:
Levantamos meio tarde, já que não tínhamos muito que fazer a não ser esperar pelo sedex que chegaria no dia seguinte. Tomamos café e saímos à procura de alguém que pudesse fazer uma limpeza no nosso binóculo, que estava um horror de tantos fungos. Deixamos o binóculo numa loja especializada e rodamos pelo centro olhando vitrines e comprando quinquilharias, típico de quem não tem nada pra fazer (risos).
Em Foz do Iguaçu há uma imensa comunidade árabe e, como tínhamos curiosidade em conhecer uma Mesquita, saímos à procura de uma. Encontramos uma próxima ao centro, solicitamos a entrada e, após tirarmos nossos calçados e colocarmos o véu, tivemos o privilégio de assistir a uma oração. A Mesquita é um lugar sagrado para os muçulmanos e onde eles se congregam para realizar as suas orações diárias. A palavra Mesquita é uma tradução do árabe Masjid, que quer dizer um lugar de prostração.
Depois fomos até a fronteira com a Argentina no Duty Free, um shopping que vende de tudo sem impostos, que na verdade é um Paraguai “xique nos úrtimo” (hahahaha...), mas não compramos nada. Voltamos para o centro, almoçamos num restaurante com rodízio de comida chinesa e voltamos às nossas andanças com parada em uma lotérica pra jogar na mega-sena novamente (acumulou!). Lembramos que ainda não havíamos trocado nenhum real por dólar ou peso e foi isso que fomos fazer. Entramos em uma casa de câmbio e trocamos 4.000,00, sendo R$ 3.000,00 em dólares (cotação: U$ 1 = R$ 2,07) e R$ 1.000,00 em pesos argentinos (cotação: $ 1 = R$ 0,66). Colocaríamos os outros 4.000,00 no cartão. Pronto! Isso também estava resolvido. Tomamos um café com quitutes numa confeitaria árabe (não sei se vocês perceberam, adoramos comida árabe!). No final do dia pegamos nosso binóculo e fomos para o hotel dar uma relaxada. O jantar foi uma deliciosa pizza com um saboroso cabernet (ninguém é de ferro!).
Fumar? O que é isso?!?!!?
TV e cama...
GASTOS:
22,10 – mega + quinquilharias + água;
12,70 – almoço;
12,80 – café;
50,00 – limpeza binóculo;
47,00 – jantar + gorjeta;
70,00 – hotel;
TOTAL = R$ 214,60 (sobrando 259,55).
GERAL = R$ 1.030,75

Puerto Iguazú - Salta

08/08/07 (quarta-feira) – 6º dia – Foz do Iguaçu / Puerto Iguazú:
Acordamos cedo, tomamos café e, de posse do número do sedex, procuramos uma agência dos correios e tratamos de descobrir onde nossa preciosa encomenda estava. VIVAAAAA..... Estava no centro de distribuição de Foz. Voamos pra lá e conseguimos retirá-la sem maiores delongas. Voltamos ao hotel, check-out, parada para encher o tanque eeeee.... aduanaaaaaa..... Fotos da ponte na fronteira? Pra que? (risos). Dessa vez tudo certo, apresentamos os documentos necessários, preenchemos os papéis para legalizar nossa entrada na Argentina e pé na estrada. Já estávamos em solo Argentino! Nosso primeiro destino era conhecer as cataratas que, segundo nos falaram, do lado argentino não era lá essas coisas. Sempre se diz que do lado brasileiro é mais bonito. Ledo engano! O lado Argentino também é show e bem mais barato, tanto a entrada no parque quanto o passeio de barco que nos leva até embaixo das cachoeiras. Imperdível! Antes de encararmos a aventura no barco fizemos um lanche reforçado numa das lanchonetes e partimos ansiosas para nosso primeiro rafting ao contrário (risos). Embarcamos em um caminhão especial que nos levou pelo sendero Yacaratiá até o porto onde embarcamos em uma lancha bimotor e navegamos 6 km pelo rio Iguaçu, sendo 2 km subindo as corredeiras. Entramos no canal da Garganta do Diabo e tomamos vários e deliciosos banhos de cachoeira. O momento é de pura adrenalina, curtimos muito! Não esqueça de levar uma mochila com toalha, muda de roupa e calçados secos (você sai de lá encharcado!). Desembarcamos em frente a Isla de San Martin (uma ilha rochosa), pegamos outro barco e cruzamos o rio em direção a esta ilha. Caminhamos no seu interior por um bom tempo, cruzamos o rio novamente e passamos o dia perambulando pelas cachoeiras, primeiro pelo Paseo Inferior, que atravessa pedras e florestas nos levando a poucos metros de algumas cachoeiras menores como a do Salto Ramírez e Bosetti e depois pelo Paseo Superior, dessa vez nos dando uma visão desses saltos de cima. Não sobrou tempo pra conhecer a famosa Garganta del Diablo, pois havíamos perdido o último trem que nos levaria pra lá (saiu às 16 h). Com certeza voltaríamos no dia seguinte! Ficamos passeando pelo parque tirando fotos de pássaros e ratos piriás que estavam próximos ao Centro de Visitantes.
Fomos até Puerto Iguazú procurar pela hospedagem indicada no guia de bolso que tínhamos adquirido especialmente para esta viagem, muito bom por sinal! Nos deu dicas preciosas sobre a Argentina e o Chile.
Na Argentina residenciales são hotéis ou pousadas de acomodações simples, geralmente comandadas por uma família, bem mais em conta do que qualquer outro modo de hospedagem. Esses residenciales são muito bons e quase todos oferecem habitaciones com baño privado e desayuno (quarto com banheiro e café da manhã), mas quase nunca oferecem cochera (garagem).
Achamos o residencial mas já estava lotado (afff....). Na recepção já nos indicaram outro bem próximo dali e saímos voando pra lá. Nesse ainda havia vagas e tratamos logo de tomar um banho e procurar um lugar para comer, estávamos roxas da fome pois ainda nem havíamos almoçado! Optamos pelo famoso bife de chorizo com papas fritas e ensalada mixta, um dos pratos típicos da Argentina, que nada mais são do que um generoso pedaço de contra-filé com batatas fritas e salada mista (alface, tomate, ovos e cebola).
Sexto dia e estava agüentando firme, nada de fumar!
Retorno ao residencial, TV e cama...
GASTOS:
3,30 – água + gurizada na fronteira;
19,99 – posto Foz (1.090 km);
R$ 23,29

GASTOS: (colocarei as despesas em pesos argentinos e no final uma somatória em reais):
36,00 – ingressos cataratas;
24,00 – lanche;
200,00 – passeio de barco;
8,00 – mais 1 imã pra nossa coleção;
65,00 – jantar + gorjeta;
60,00 – hotel;
$ 393,00 = R$ 259,38
TOTAL = R$ 282,67 (sobrando 234,94).
GERAL = R$ 1.313,42

09/08/07 (quinta-feira) – 7º dia – Puerto Iguazú / Posadas:
Nosso primeiro café da manhã em solo Argentino deixou a desejar (mal sabíamos nós que isso ocorreria nos próximos vinte e tantos dias. hahahaha....). Lá eles não têm o costume de servir a quantidade quase exagerada dos cafés da manhã no Brasil. Servem apenas uma xícara de café (solúvel, na maioria das vezes), uma meia-lua (parecido com nosso folhado), pão e manteiga. Mas, tuuuuuudo bem! Culturas e costumes diferentes são sempre bem-vindos!
Check-out e novamente em direção às cataratas, agora pra ver a inacreditável Garganta do Diabo. Antes, porém, paramos novamente na lanchonete para um lanche, pois o café não tinha sido lá essas coisas. Pegamos o trem que nos levaria até lá, desembarcamos numa plataforma e fomos caminhando por várias passarelas por cima do rio Iguaçu até o mirante. À medida que avançávamos o barulho de água ia aumentando e o coração batendo mais forte. Quando tivemos a primeira imagem da Garganta do Diabo compreendemos o porquê do nome. Minha nossa!!! O volume de água que despenca dentro daquele buraco é uma coisa IMPRESSIONANTE! (cerca de 1.800 m3 de água por segundo num rochedo semicircular de 3 km). Do lado brasileiro você tem apenas uma visão de frente da queda, a uma distância de aproximadamente uns 300 metros. Aqui você está em cima da cachoeira, a poucos metros da queda e consegue sentir a fúria da água que cai. Chega a dar vertigem!!! Lindo, lindo, lindo.... maravilhoso!!! Na volta ainda pudemos observar de cima da plataforma um jacaré tomando sol tranqüilamente em uma pedra no meio do rio e, quando chegamos perto do Centro de Visitantes, um bando de quatis nos recepcionaram na maior euforia, sempre “pedichando” comida (risos).
Saímos das cataratas logo após o meio-dia e, ainda embriagadas com tanta beleza, paramos num restaurante as margens da Ruta 12 para almoçar. Escolhemos pollo (frango) com papas fritas, purê e ensalada. Esta rodovia nos levaria até Posadas, distante uns 280 km de Puerto Iguazú, onde dormiríamos. Foi neste trecho que fomos paradas pela primeira vez pela Polícia Rodoviária Argentina. Já sabíamos que lá não deveríamos parar no acostamento quando isso acontecesse, como se faz aqui no Brasil, e sim, ir diminuindo a velocidade e parar exatamente onde o policial está, no meio da estrada mesmo! (risos). Mas não foi isso que fizemos! Acabamos esquecendo desse detalhe e, no primeiro acenar do guarda, já batemos seta e pegamos o acostamento, só lembrando da "regra absurda" quando fomos fuziladas com o olhar do "dito cujo". Ele nos pediu todos os documentos possíveis e, constatando que estava tudo em ordem, nos mandou seguir em frente sem grandes aborrecimentos. Ficamos surpresas, pois sabíamos também que quando isso acontece, geralmente o "desavisado" é praticamente obrigado a dar uma "contribuição espontânea" pra seguir viagem (hahahaha...). Não sabemos se isso aconteceu porque ele viu que estávamos só em duas "moças" ou porque o carro era do Brasil (risos). Boa!!! Vamboraaaa... Mais adiante paramos na cidade de San Ignácio Mini para apreciar a beleza de suas ruínas, considerada a mais famosa entre todas as Missões Jesuítas, declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Foram construídas com a mistura de rocha basáltica e arenito onde, apesar de desgastados pela erosão, ainda podemos ver as esculturas decorativas em baixo-relevo executadas pelos artesãos guaranis, principalmente nas duas colunas que se erguem de cada lado da porta principal. Essas ruínas são testemunho dos trinta povos fundados pelas Missões Jesuítas Guaranis (sete no Brasil, oito no Paraguai e 15 na Argentina). Valeu à pena!
Chegamos em Posadas (rodovia toda asfaltada e em ótimo estado!) por volta das 18 h e saímos à procura do hotel (residencial) indicado no guia e que não foi muito difícil de achar, pois nele, além de tudo, encontramos o mapa do centro de cada cidade citada. Muito show!
Check-in e banho tomado, saímos a pé a procura de uma padaria para, como em Foz do Iguaçu, fazermos apenas um lanche. Não encontramos nada! Ao contrário do Brasil, as panaderias de lá só vendem pra levar. Nada de comer ali! (risos). Optamos então por uma pequena e simpática lanchonete com sanduíches deliciosos e uma quilmes (famosa marca de cerveja) pra acompanhar.
Com a cervejinha deu vontade de fumar, mas me segurei!
Volta ao residencial, TV e cama...
GASTOS:
18,00 – ingressos cataratas (como havíamos ido no dia anterior pagamos só a metade. Show!);
14,00 – lanche;
25,00 – almoço;
5,40 – água + cola (o óculos quebrou!);
4,10 – 2 pedágios;
18,00 - ingressos ruínas;
2,00 – outro imã pra nossa coleção;
22,00 – jantar + gorjeta;
100,00 – hotel;
TOTAL = $ 208,40 = R$ 137,61 (sobrando 355,39 – desse jeito vai dar pra tirar férias de novo! hehehehehe.....).
GERAL = R$ 1.451,03

10/08/2007 (sexta-feira) – 8º dia – Posadas / Monte Quemado:
Levantamos cedo pois nesse dia tínhamos que rodar um bom trecho, cerca de 1.100 km até Salta. Nem vou falar do café da manhã (risos). Abastecemos o carro e zarpamos. Chegando em Corrientes tivemos a triste idéia de entrar na cidade para almoçar num restaurante natural indicado pelo guia e, além do restaurante não existir mais (um dos poucos erros do guia por estar desatualizado, que é de 2004), perdemos um tempo precioso rodando de um lado para o outro na cidade. Acabamos almoçando num restaurante curioso até. Tratava-se de um buffet (um dos poucos encontrados na Argentina) onde a comida era servida fria (gelada mesmo) e nas paredes haviam vários micro-ondas para aquecê-la. Interessante e ao mesmo tempo uma..... (hahahaha.....)!
Como já estávamos atrasadas, saímos na maior pressa. Não adiantou muita coisa, pois na próxima cidade, Resistência, também nos perdemos. Paramos em um posto para pedir informações, abastecemos novamente e conseguimos achar a saída para a Ruta 16. Pensamos estar tudo numa boa mas, 154 km adiante, erramos o caminho novamente numa rótula mal sinalizada e rodamos mais de 30 km na direção errada (Três Isletas). Muita atenção nessa rótula que fica em Presidente Roque Saenz Peña, não vire para lugar nenhum, siga sempre em frente conforme o mapa (coisa que nós não fizemos, risos). OK! OK! Sempre em frente conforme o mapa. ERRADO! 33 km depois, na localidade de Avia Terai, deve-se virar à direita. No mapa está sempre em frente, afffff.....!!! (risos). Tem uma placa muita bem escondida informando a direção da Ruta 16. VIRE A DIREITA! Resultado: rodamos mais quase 60 km na direção errada novamente (Corzuela). Com isso já tínhamos feito em torno de 180 km a mais e perdido umas 2 h. Chegar em Salta antes do anoitecer nem pensar! Tuuuudo bem! Conferimos o mapa novamente e, agora com a certeza de estarmos na direção certa, seguimos em frente. Logo adiante nossa viagem sofreu mais um pequeno atraso quando fomos paradas pela segunda vez pela Polícia Rodoviária. Dessa vez diminuímos a velocidade, ligamos o alerta e paramos exatamente do lado do guarda. Enquanto ele examinava nossos documentos, uma fila enorme de carros se formava atrás de nós e, entre cochichos e sorrisos, ficamos argumentando (entre nós, é claro!) o quão era absurda aquela situação. Afffff.... Tuuuudo bem! Lei é Lei! Ahhhhhhhh... E não se esqueça de estar sempre com os faróis ligados! Lá isso também é lei!
Curtimos nosso primeiro pôr do sol em solo Argentino. Maravilha!!! Anoitecemos na estrada e nada de achar algum hotel pra ficar e nem posto de gasolina, precisávamos abastecer urgente, já estávamos entrando na reserva. Achamos um posto em Pampa de Los Guanacos e lá nos informaram que havia um hotel numa cidadezinha distante 109 km dali, em Monte Quemado. De Rio Muerto até Monte Quemado pegamos um longo trecho que estava em obras e com um desvio por estrada de terra muito empoeirada e esburacada, passando por um bando de cavalos soltos no meio da estrada e que só vimos porque já tinha um carro parado na nossa frente e que quase havia atropelado um deles. Maior susto!!! O hotel não era lá essas coisas mas não tivemos opção, foi lá que dormimos e jantamos (bife de chorizo com pão). Caímos na cama exaustas de tanto “perrengue”! Nem tomamos banho pois o chuveiro não esquentava. Afff....... que dia!
Ahhhhhhhh...... não tinha TV! Me deu uma vontade de fumar!!!.....
GASTOS:
18,30 – café da manhã + alfajores (viu porque nem quis falar do café?);
84,00 – posto Posadas (1.566 km) - metade do preço vendido no Brasil! Se soubesse não tinha enchido o tanque em Foz);
26,50 – almoço;
44,00 – posto Resistência (1.830 km);
6,00 – 3 pedágios;
85,00 – posto Pampa de los Guanacos (2.311 km);
17,00 – jantar;
40,00 – hotel;
TOTAL = $ 320,80 = R$ 211,73 (sobrando 401,72).
GERAL = R$ 1.662,76

11/08/2007 (sábado) – 9º dia – Monte Quemado / Salta:
Juro que não vou mais falar do café da manhã. Saímos sem banho pois o chuveiro ainda não esquentava e seguimos em direção a Salta, que está a 1.187 manm (metros acima do nível do mar). Uma versão diz que seu nome deriva do aymará Sagta, que significa terra gaúcha e crioula por excelência. Chegamos lá (rodovia toda asfaltada e em bom estado) já passava do meio dia e a primeira coisa que procuramos foi um restaurante (também indicado pelo guia). Achamos fácil e era bem aconchegante. Resolvemos experimentar a tal da parrillada completa. Minha nossa! Vem de tudo nisso, menos o que se está acostumado a comer (risos). Tripas, testículos e lingüiça de sangue fazem parte do prato. Meio estranho, saboroso e pra comer uma vez só na vida (hahahaha....). Depois fomos ao Centro de Informações Turísticas programar nosso próximo dia (lá, diferentemente daqui, esses espaços funcionam muito bem e vale a pena verificar os roteiros indicados). Achamos um bom hostel (um tipo de residencial um pouquinho melhorado), uma construção antiga com proprietários muito simpáticos. Nosso quarto tinha até banheira, daquelas bem antigas de louça branca (risos), tomamos banho (finalmente!!!), ligamos pra casa pra matar a saudade e fomos bater pernas pela cidade pra conhecer os pontos turísticos. Passamos pelo Cabildo (sede do museu), o Centro Cultural da América, a Catedral, datada de 1882 e construída em estilo neoclássico italiano, o Convento San Bernardo, a Plaza 9 de Julio e a Iglesia San Francisco, construída em 1625 e que vale a pena entrar (vale também uma visita à noite para apreciar a iluminação, deixando-a ainda mais bonita). Fomos até o Mercado Artesanal (primeiro na República Argentina), a umas 15 quadras do centro, compramos artesanias, degustamos doces e alfajores. A cidade é um encanto! Voltamos ao hotel de táxi (estávamos cansadas de tanto andar), tomamos outro banho e fomos jantar. Provamos as famosas empanadas (outra iguaria típica da Argentina), que são servidas com os mais variados tipos de recheios num simpático e bem decorado restaurante (indicado no guia). As de queijo são ótimas!
Fomos dormir cedo e nem ligamos a TV. Não tínhamos dormido muito bem na noite anterior e o dia seguinte prometia: iríamos para a Quebrada Del Toro (um desfiladeiro de altas montanhas e rochas multicoloridas) onde faríamos o caminho para as nuvens.
Não senti tanta vontade de fumar. Vivaaaa.....
GASTOS:
6,00 – café (risos);
4,30 – 2 pedágios;
47,00 – almoço + gorjeta;
9,50 – telefone;
10,35 – água + alfajores;
54,90 – artesanatos e imãs;
5,30 – táxi;
46,00 – jantar + gorjeta;
65,00 – hotel + estacionamento;
TOTAL = $ 248,35 = R$ 163,91 (sobrando 495,87).
GERAL = R$ 1.826,67

12/08/07 (domingo) – 10º dia – Salta / San Antonio de los Cobres:
Tomamos café (?!?!?!), abastecemos o carro, paramos em um mercado para comprar frutas, bolachas e suco e partimos para Campo Quijano (1.775 manm), a 30 km de Salta, cidadezinha conhecida como El Portal de los Andes, que antecede a imponente Quebrada Del Toro, nome dado ao rio que atravessa esse desfiladeiro, geralmente um pequeno riacho serpenteando entre as montanhas mas que, em especial na primavera, se transforma numa furiosa torrente de águas barrentas e caudalosas, fazendo jus ao nome.
Os primeiros quilômetros, entre Campo Quijano e Chorrilos (2.111 manm) são asfaltados. Depois disso é estrada de chão não muito bem conservada por cerca de 120 km, passando por pequenos vilarejos até quase chegar a San Antonio de los Cobres (3.775 manm). Por todo o trajeto de subida forte a paisagem é deslumbrante e surreal. Montanhas de pedras multicoloridas, cactos gigantes e uma ferrovia desativada nos acompanham o tempo todo. Esta ferrovia foi construída para transportar bórax das minas de Pocitos e Arizaro até Salta, distante uns 520 km. O trajeto, que está desativado há 2 anos, chamava-se Tren a las Nubes, considerada a mais alta linha férrea do mundo, levava turistas por cerca de 219 km, atravessando 29 pontes, 12 viadutos, 21 túneis, percorrendo duas gigantescas curvas de 360º e duas subidas em zigue-zague até o ponto mais alto do circuito: O Viaducto La Polvorilla (4.200 manm), uma monumental obra de engenharia situada a 20 km de San Antonio de los Cobres, cidade onde almoçamos. Dessa vez, experimentamos ensopado de carne de lhama (muito pesado) e tomamos nosso primeiro chá de coca (muito amargo). Depois do almoço visitamos o viaduto, que mede 224 m de comprimento e 64 m de altura. Foi construído na Itália e montado no local em 1930. Eu não tive coragem de encarar o desafio da subida devido a altitude (já estava sem fôlego!), mas Virna foi nessa e chegou ao topo do viaduto quase morrendo com a falta de ar (risos). Compramos toucas e luvas de uma família que mora no local e pegamos a estrada, agora pra encarar uma descida íngreme, com muitas paradas pelo caminho para apreciar a paisagem de extrema beleza e registrar o momento com fotos. Paramos também num pequeno povoado chamado Santa Rosa de Tastil (3.110 manm) e que guarda um dos sítios pré-incaicos mais importantes da região.
Chegamos no hotel já era noite, um rápido banho, andamos até o centro e achamos mais um charmoso restaurante onde comemos empanadas e tomamos um saboroso vinho produzido na região. Perambulamos um pouco pelo centro, voltamos ao hotel, TV e cama...
GASTOS:
80,00 – posto Salta (2.827 km);
12,90 – mercado;
6,00 – foto com gurizada e as cabras;
60,00 – almoço;
50,00 – artesanato;
20,90 – jantar + gorjeta + água;
65,00 – hotel + garagem;
TOTAL = $ 294,80 = R$ 194,57 (sobrando 559,36).
GERAL = R$ 2.021,24

Jujuy - Purmamarca

13/08/07 (segunda-feira) – 11º dia – Salta / San Salvador de Jujuy:
Achamos um local que servia um café da manhã mais completo, com pão, presunto, queijo, doces, café de grano (não agüentava mais solúvel), leite, sucrilhos, iogurte, etc... Ficava anexo a um hotel de sei lá quantas estrelas. Chegamos à conclusão de que, se você quiser tomar um café da manhã bem servido, vai ter que pagar os “olhos da cara” pelo quarto, e isso nós já tínhamos combinado antes da viagem: ECONOMIZAR ao máximo na hospedagem. Depois disso parei de reclamar do café da manhã, afinal, meia lua com manteiga não é tão ruim assim! (risos). Tiramos a manhã de “folga” e, enquanto Virna foi ao Mercado Municipal, eu fui descarregar as memórias das máquinas fotográficas (tínhamos duas: uma só para fotos, de 1 giga; e outra para fotos e filmagens, de 2 gigas) que estavam lotadas! Ligamos pra casa pra saber das novidades e dizer que estávamos bem e partimos para San Salvador de Jujuy (1.259 manm) pela Ruta 9, distante uns 115 km de Salta (rodovia asfaltada e em ótimo estado). O nome Jujuy provém, aparentemente, dos Jujuyes, uma tribo indígena que habitava o lugar. Chegamos por volta das 14 h e fomos almoçar (o guia estava sendo de impressionante ajuda!). Escolhemos uma omelete acompanhada de salada e um generoso pedaço de carneiro. Uma delícia! Depois fomos até o Centro de Informações ao Turista nos informar sobre o que tinha pra ver na cidade, nos hospedamos e fomos bater pernas pelo centro. Visitamos a Catedral, uma construção do século XVIII, onde pudemos ver sua atração maior: o púlpito, decorado no mesmo século por artistas locais e inspirados nos existentes em Cuzco, no Peru. Seus quadros representam a escada de Jacó, Santo Agostinho e as genealogias bíblicas. Passamos também pela igreja de São Francisco, que contém um púlpito barroco espanhol e onde pode-se observar pequenos monges franciscanos espiando por trás de fileiras e mais fileiras de minúsculas colunas, todas delicadamente trabalhadas em ouro. Zigue-zagueamos pelas ruas durante a tarde toda com paradas para compras de quinquilharias e artesanato (todo turista merece! risos).
O jantar foi mais uma vez as empanadas, que são realmente uma delícia e uma ótima opção quando não se está a fim de comer muito.
A vontade de fumar já não me perseguia mais.
TV e cama...
GASTOS:
15,00 – café da manhã;
40,00 – CDs para as fotos;
22,00 – telefone;
22,00 – frutas e imãs (já perdi a conta de quantos foram! Risos);
2,50 – 1 pedágio;
51,00 – almoço + gorjeta;
46,75 – compras + artesanato + água;
11,00 – jantar;
100,00 – hotel + garagem;
TOTAL = $ 310,25 = R$ 204,77 (sobrando 612,65 - DEIXA!!! O Chile ta chegando!)
GERAL = R$ 2.226,01

14/08/07 (terça-feira) – 12º dia – San Salvador de Jujuy / Humahuaca:
Na manhã seguinte partimos para Humahuaca (2.939 manm), ainda pela Ruta 9, distante uns 116 km de Jujuy (rodovia asfaltada e em ótimo estado). Pelo caminho pudemos apreciar a beleza da Quebrada de Humahuaca, com montanhas imensas num colorido maravilhoso, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco (primeira da América do Sul e terceira de toda a América). Paramos em Tilcara (2.461 manm) para abastecer e almoçar, bife de chorizo com pão e salada são sempre uma ótima opção (risos). Aproveitamos para dar uma volta pelo pequeno povoado onde encontramos uma fabulosa feirinha com muitas artesanias. Como estávamos com sobra no orçamento aproveitamos para comprar objetos indígenas para decorar nossa casa. Show!!! (risos). Após nos esbaldarmos com as compras seguimos até o pukará, um magnífico forte reconstruído pela Universidade de Buenos Aires e cercado por grandes cactos, mas não entramos devido ao adiantado da hora. Continuamos nossa viagem até nosso destino: Humahuaca, considerada a capital histórica da Quebrada. Cruzamos a linha imaginária do Trópico de Capricórnio, chegamos na pequena cidade, nos instalamos e fomos bater pernas pelo pequeno centro com suas ruas de pedra e casas de adobe (pau-a-pique). Na praça principal existe um relógio com uma imagem kitsch de San Francisco Solano, que é a primeira imagem articulada de um santo no mundo. Subimos uma escadaria que nos levou até o impressionante monumento aos Guerreiros da Independência que fica no alto da praça principal (obra do escultor local Ernesto Soto Avendaño, uma mistura de pedra e bronze construída entre 1940 e 1950). A vista da cidade rodeada pelas altas montanhas é muito bonita lá de cima!
Fomos a um simpático restaurante com música típica ao vivo. Novamente a opção foi um bife de chorizo com salada e pão. Também provamos a humita, uma mistura à base de milho enrolada e cozida na palha, parecida com nossa pamonha, mas muito mais saborosa.
Voltamos para a pousada e cama... (não tinha TV no quarto).
GASTOS:
30,00 – almoço;
80,00 – posto Tilcara (3.438 km);
227,00 – artesanatos e imãs;
38,25 – jantar + gorjeta;
100,00 – hotel;
TOTAL = $ 475,25 = R$ 313,66 (sobrando 557,05).
GERAL = R$ 2.539,67

15/08/07 (quarta-feira) – 13º dia – Humahuaca / Purmamarca:
Nosso próximo destino era Purmamarca (4.000 manm), cidade das montanhas coloridas. Para tanto saímos de Humahuaca voltando pela Ruta 9. Um pouco depois paramos no povoado de Uquia que é famoso por registrar vestígios dos primeiros mamíferos que emigraram da América do Norte quando as Américas se uniram. Também possui muitas montanhas de um colorido avermelhado intenso. Maravilhoso! Mas o que nos aguardava em Purmamarca conseguiu superar tudo o que já havíamos visto de montanhas coloridas. Chegamos por volta do meio-dia e fomos almoçar (empanadas e humitas), procuramos por hospedagem e, depois de instaladas, fomos conhecer a cidade. Do lado da igreja encontra-se uma enorme árvore de ampla copa. Diz-se que esta é um importante testemunho de uma parte da história da Província de Jujuy.
Subimos uma montanha que nos deu ampla visão do Cerro de Siete Colores (morro das sete cores), marco natural da cidade e único na região e no resto do país. A combinação de suas cores vivas encanta e impressiona por sua grande beleza. Sua coloração corresponde a sedimentos do período cretácio, há 65 milhões de anos quando desapareceram os dinossauros.
El Paseo de los Colorados é um caminho de aproximadamente 3 km que contorna o Cerro de Siete Colores. A cada metro o colorido e as figuras talhadas pela natureza nas montanhas nos deixam boquiabertas. A cada olhar descobrimos paisagens deslumbrantes. Contornamos a montanha e voltamos ao centro da cidade. Percorremos a feirinha e, pra não perder o costume, compramos mais algumas artesanias. O sol já estava se pondo quando olhamos para as montanhas e descobrimos que haviam se transformado completamente. O pôr do sol dava um colorido fantástico e bem diferente do que já havíamos visto. Dessa vez fomos de carro, pois a pé não ia dar tempo de apreciar toda a paisagem e o maravilhoso espetáculo que ela nos proporcionou com o pôr do sol. Minha nossa!!!
Voltamos ao hotel pra descansar um pouquinho e acabamos cochilando. Quando acordei estava meio tensa e resolvi ligar pra casa. Recebi uma notícia muito triste; meu Miskão havia morrido! Miskão era um chiuaua meio branquinho e o “xodó” da minha mãe. Na nossa região deu um surto de sinomose e ele não escapou. Quando sai de casa, no dia três, ele já estava meio caidinho, mas nunca imaginei que ele fosse morrer, afinal ele era vacinado!!! Fiquei muito triste e chorei muito (ainda choro e estou chorando digitando esta parte! Afffff.........). Saudades!!!
No jantar experimentamos o locro, um prato a base de milho, carne bovina e suína, lingüiça, bacon, abóbora, cenoura e batata.
Nosso jantar foi triste e tomei uma garrafa de vinho quase sozinha! Saudades!!!
Cama... (também não tinha TV no quarto).
GASTOS:
34,00 – almoço + gorjeta;
12,00 – artesanato;
4,50 – bananas e água;
7,00 – telefone;
75,00 – jantar + gorjeta;
60,00 – hotel;
TOTAL = $ 192,50 = R$ 127,05 (sobrando 688,06).
GERAL = R$ 2.666,72

San Pedro de Atacama

16/08/07 (quinta-feira) – 14º dia – Purmamarca / San Pedro de Atacama:
Saímos cedo e pegamos a Ruta 52, que conecta a Província de Jujuy com o norte do Chile. Cruzamos a imponente Cuesta de Lipán, onde o asfalto serpenteia montanha acima até atingir 4.170 manm. Estávamos em pleno altiplano argentino e lá de cima tínhamos um visual fantástico dos Grandes Salares, uma majestosa paisagem de sal (fruto de mares ressecados pela ação do tempo e do sol) povoada por lhamas, vicunhas e flamingos. Paramos no meio daquele deserto branco para apreciar de perto aquele mundo de sal que mais parecia uma imensa colméia (hahahahah.......). Embaixo de todo esse mar de sal existe água e os nativos cavam buracos milimetricamente iguais e retiraram o sal para vender. Existe uma enorme quantidade desses buracos retangulares de água cristalina e gelada no Salar. Depois de algum tempo o sal se condensa novamente e é retirado para comercialização. Comprei uma escultura de sal em forma de cactos e voltamos para a estrada. Um bando de guanacos cruzou a rodovia bem na nossa frente nos obrigando a parar o carro. Ficamos observando-os por um bom tempo. Um pouco mais a frente um outro bando, agora de lhamas, nos obrigou novamente a parar. Ficamos muito felizes de termos tido a oportunidade de admirar essas criaturas maravilhosas tão de perto. Valeu “mãe natureza”! Logo adiante passamos por um rio completamente congelado e não resistimos a vontade de brincar dentro dele (risos). Ficamos algum tempo ali “esquiando sem esquis”, só com os pés deslizávamos pra lá e pra cá, rimos muito! Resolvemos parar enquanto não quebrávamos uma perna (risos). Chegamos ao povoado de Susques onde paramos para almoçar (frango, arroz e salada) e abastecer. Susques é um pequeno vilarejo com casas e ruas cor de terra e com uma igreja que data do ano de 1670. Na nave central pode-se apreciar pinturas do Cuzco peruano.
De volta a estrada já conseguíamos ver uma cadeia de vulcões apagados e tivemos nossa primeira visão das montanhas congeladas (yuhúúúúú.........). Logo em seguida a Laguna de Jama e o pequeno povoado de mesmo nome, que na realidade é o posto da Guarda Nacional, onde apresentamos os documentos necessários, legalizamos nossa saída da Argentina e ficamos sem saber o que fazer para legalizar nossa entrada no Chile. Nos disseram somente que tínhamos que fazer isso mais adiante, mas não explicaram onde exatamente. Tuuuuuuuuudo bem! VAMBOOOOOORAAAAAA!!!
Após passar o Paso Internacional de Jama ingressamos no território chileno assim, sem placa ou aviso nenhum. Ficamos decepcionadas pois queríamos tirar uma foto da placa “Bem-vindos ao Chile!” ou algo parecido. Coisa mais sem graça! (risos).
Ainda faltavam 266 km para chegar a San Pedro de Atacama quando avistamos a figura majestosa do vulcão Licancabur (5.950 m) e que nos acompanharia pelo resto da viagem até San Pedro, primeiro povoado do país.
“O Chile é um país vulcânico. Conta com aproximadamente 150 vulcões ativos que equivalem a 10% do total do planeta. Todos eles se encontram na Cordilheira dos Andes, que surgiu a aproximadamente 65 milhões de anos”.
Durante esses quilômetros a paisagem é deslumbrante, com lagoas quase que totalmente congeladas de um azul e esmeralda intensos e um frio de doer na alma. Neste trecho da estrada nosso carro quase não andava e nem conseguíamos passar a terceira, ia na segundinha e olha lá! Achávamos que estava com problemas e que ia nos deixar na mão. Paramos, descemos do carro e fomos surpreendidas por um vento muito forte que vinha de frente e foi aí que percebemos que a estrada era uma subida íngreme quase imperceptível aos nossos olhos pela formação da paisagem, que era uma reta a perder de vista margeada por uma areia marrom dos dois lados. Pra tirar as dúvidas demos meia volta e o carro foi que era uma beleza!!! (pra baixo todo santo ajuda! risos). Olhando assim ninguém diz que estamos subindo, ainda mais com um vento forte contra, lógico que o “golzinho 1000” não ia andar!!! hahahaha............ Foi assim, devagar quase parando, que chegamos nos altos daquela rodovia e tivemos nosso primeiro contato com a neve (yuhúúúúú........ curtimos muito!). Continuamos em frente agora numa descida constante em direção ao deserto, passando a poucos quilômetros da fronteira com a Bolívia. A paisagem foi se modificando, passando das lagoas deslumbrantes para uma paisagem desértica e harmoniosa, rodeada de areia e rochas que por momentos exibe uma estranha configuração lunar. Estávamos no deserto mais seco do mundo!
“O fenômeno ocorre porque as montanhas de 6.000 metros dos Andes não deixam passar a umidade vinda da bacia Amazônica. Caso isso acontecesse, as nuvens ainda teriam de vencer a Cordilheira de Domeyko, outra muralha natural, em território chileno, com altura média de 3.500 metros. Do outro lado, a oeste, uma grande área permanente de ar seco sobre o Oceano Pacífico impede a formação de chuvas. O resultado é um deserto de solo arenoso com mil quilômetros de extensão, que vai do norte do Chile até a fronteira com o Peru”.
“Essa composição climática é tão eficaz do ponto de vista da aridez - como demonstra o ardor nos olhos dos viajantes -, que os especialistas chamam o Atacama de deserto absoluto. Do ponto de vista climático, este é o lugar mais seco do planeta. Para se ter uma idéia, existe apenas um rio, o Loa, capaz de cruzar o deserto até desembocar no Pacífico. A média anual de precipitação não passa de 0,7 milímetros. Há locais onde as taxas de umidade beira o zero e outros que, ao menos desde quando as medições humanas vêm sendo feitas, jamais presenciaram chuva. São pontos onde até bactérias encontram dificuldade para sobreviver. Não há vida”.
Para piorar, o Atacama também é frio, pois se encontra numa altitude média de 2 mil metros e sobe bastante conforme caminha na direção do Altiplano. A temperatura, mesmo nos dias mais quentes, não ultrapassa os 25º (no deserto do Saara, na África, chega a 50º). No inverno, nos pontos acima dos 3.500 metros, neva. Isso mesmo, gelo no deserto.
Lá pelas 18 h (o fuso horário no Chile é de menos 1 hora) chegamos a San Pedro (2.400 manm)! conhecida como “A Capital Arqueológica do Chile”. Vivaaaaaaaaaaaaa............... Estávamos tão empolgadas que passamos batidas pela aduana e só fomos saber que era ali que tínhamos que regularizar nossa entrada no Chile quando já estávamos confortavelmente instaladas em uma pousada. Botamos tudo de volta no carro (na pressa e na confusão do momento, conseguimos quebrar nosso binóculo), voltamos até a aduana, preenchemos a papelada, nosso carro foi revistado (estavam atrás de algum alimento perecível, o que é proibido) e nos liberaram. Bem estranho essa aduana! (risos). Se quiséssemos, poderíamos ter deixado a maioria de nossas coisas na pousada e eles nem iam saber. Vai entender?!?!?!
Voltamos à pousada (agora devidamente regularizadas no país) para deixar o carro e saímos a pé à procura de um roteiro para o dia seguinte. Com ruelas sem asfalto e casinhas empoeiradas feitas de adobe, uma espécie de tijolo artesanal secado ao sol, San Pedro parece ter parado no tempo. As paredes das construções têm um acabamento feito com uma mistura de barro, palha e água. Como quase nunca chove, os telhados também são feitos dessa mistura ao invés de serem cobertos com telhas. As construções mais antigas, como a bela igreja da vila, construída em 1774, tem o teto elaborado com madeira de cactos gigante, uma planta típica da região. Hoje a extração dessa madeira é proibida para evitar sua extinção.
Pelas ruas estreitas e empoeiradas só víamos turistas de todos os lugares do planeta, em um burburinho de idiomas que se confundiam entre si. Entramos em várias agências de turismo que existem por todo canto e sentimos o peso de tantos turistas estrangeiros: o valor que eles cobram é meio salgado! Descobrimos então que poderíamos ir de carro. Era só seguir as vans que saem do centro da cidade todos os dias abarrotadas de turistas para os mais variados destinos. Optamos por fazer o passeio que nos levaria até o Salar de Atacama e as Lagunas Altiplanicas. Beleza! Roteiro definido, passamos em uma casa de câmbio para trocar alguns dólares por peso chileno (cotação: R$ 1,00 = CLP 248,80) e fomos jantar. Optamos por um prato de salmão acompanhado de um suco de laranja para tirar o pó da garganta. Virna voltou à pousada e eu fui atrás de algum lugar pra descarregar as máquinas. Quando cheguei na pousada Virna já ia a sono alto. Tomei um banho e cama... (essa também não tinha TV).
GASTOS pesos argentinos: (colocarei as despesas em peso argentino e no final uma somatória em reais):
12,00 – artesanato;
31,00 – almoço;
50,00 – posto Susques (3.729 km);
$ 93,00 = R$ 61,38

GASTOS pesos chilenos: (colocarei as despesas em peso chileno e no final uma somatória em reais):
15.000,00 – jantar + gorjeta:
2.000,00 – CDs;
25.000,00 – pousada;
CLP 42.000,00 = R$ 168,81
TOTAL = R$ 230,19 (sobrando 715,93).
GERAL = R$ 2.896,91

17/08/07 (sexta-feira) – 15º dia – San Pedro de Atacama:
Como na pousada eles não serviam o café da manhã (e estávamos pagando mais de R$ 100,00), decidimos sair dali e procurar um lugar mais barato pra ficar quando voltássemos do passeio. Acampar seria uma boa pedida, já que tínhamos trazido todos os apetrechos para isso e ainda não tínhamos tido a oportunidade de fazê-lo. Uma, pelo baixo custo da hospedagem até agora.
Enquanto fiz as malas, Virna foi ao mercado comprar nosso café que tomamos no quarto da pousada mesmo. Comparado aos outros, estava uma delícia! Ops!!! Prometi que não ia mais falar do café. (risos). Feito isso fomos atrás das vans na tentativa inútil de seguir uma delas, pois todas andavam que nem loucas pelas ruas estreitas da cidade, parando nos hotéis e pousadas para pegarem passageiros. Depois de muito rodar pra lá e pra cá resolvemos desistir e tentar a sorte sozinhas meixxxxxmo. Sabíamos que para chegar no Salar de Atacama tínhamos que seguir na direção da cidadezinha de Toconao, a 38 km de San Pedro e a 2.475 manm. Pegamos o mapa da cidade e lá fomos nós. Beleza! Estava tudo muito bem sinalizado e logo após a cidadezinha já havia placa indicativa nos dizendo a direção das Lagunas Chaxa. O visual do Salar e dessas lagoas em especial é de tirar o fôlego! Uma imensa planície de sal intercalada por lagoas de pouca profundidade com águas transparentes e esverdeadas repletas de flamingos cor-de-rosa. Será que era bonito?!?!?! O Salar do Atacama se diferencia dos Grandes Salares pelo formato. Enquanto o segundo é de uma textura branca e quase lisa, no Atacama pode-se observar crostas de sal com até 70 cm de altura de cores branca e marrom e que são geradas pelo acúmulo de cristais produzidos pela evaporação de águas salgadas subterrâneas.
Depois de pagarmos o ingresso, entramos nesse paraíso rodeado de vulcões onde se destaca o Láscar (5.592 m), um dos mais ativos da região andina. A maior erupção desse vulcão aconteceu em abril de 1993, com duração de 36 h. Seus efeitos foram sentidos na Argentina e no Brasil. Tivemos o privilégio de ver de pertinho o flamingo chileno, de uma cor rosada maravilhosa. Na verdade esse flamingo nasce branco e vai adquirindo essa cor rosada devido a sua dieta alimentar, que é exclusivamente feita do Artemia, um pequeno camarão avermelhado com menos de 1 cm de comprimento e capaz de tolerar grande teor de sal, altas temperaturas e baixas concentrações de oxigênio. Uma das aves mais lindas que vi até hoje! Show!!!
Saindo do Salar, um pouco à frente, já avistamos a rodovia de asfalto e resolvemos pegar um desvio por uma estrada de areia no meio do nada e que não nos levou a lugar nenhum (risos), pois quando estávamos quase chegando no asfalto a areia transformou-se num areal fofíssimo e não ia ter como passar, atolaríamos na certa!. Afffffffff......... Voltamos tudo (durante uns 20 minutos) e pegamos a estrada novamente em direção a Socaire (agora toda asfaltada e em ótimas condições). Paramos num mercadinho pra comprar pão, queijo, patê e suco, pois não tínhamos idéia de como seria nosso dia e se encontraríamos algum lugar pra almoçar. Então, melhor não arriscar né?
Logo depois do centrinho de Socaire pegamos estrada de chão até as Lagunas Altiplanicas. Apesar de ser de terra a estrada estava em boas condições e não foi difícil fazer o trajeto com nosso “1.000”. A paisagem aos poucos se transformou de deserto em um espetacular tapete formado por pequenos arbustos de cor amarela puxado para o ocre (ahhhh.... não sei explicar! risos) a perder de vista, até se encontrar com as montanhas congeladas. Esta maravilhosa paisagem se encontra a 110 km de San Pedro e a 4.000 manm, com uma vista deslumbrante do Salar, mais abaixo. Espetacular!
Seguindo em frente chegamos no portal de entrada para as lagoas, pagamos o ingresso e, depois de pensar que já não havia mais nada de “tão magnífico” para ser visto, nos deparamos com uma das paisagens mais fantásticas que vimos no Chile: as Lagunas Miscanti e Meñiques, que fazem parte da Reserva Nacional dos Flamingos e são administradas pela comunidade indígena de Socaire. Há muito tempo atrás esta paisagem era bem diferente, as águas provenientes do desgelo dos vulcões Miscanti e Meñiques escorriam até chegar ao Salar. Mas, devido à erupção do vulcão Meñiques, ocorrida há 1 milhão de anos, houve um estancamento dessas águas, dando origem a criação dessas duas lagoas de águas transparentes, com uma coloração azul petróleo e margens brancas, que no inverno ficam congeladas devido ao frio intenso. Um espetáculo de cores!
Na primeira lagoa (Miscanti) tivemos o privilégio de encontrar um bando de guanacos que passaram por nós desconfiados e se dirigiram até as águas geladas para matar a sede.
Quando estávamos apreciando a beleza da segunda lagoa (Meñiques), berço da Tagua Cornuda, uma espécie de ave aquática com sérios problemas de extinção e que se acasala neste lugar no inverno, recebemos a visita de uma raposa do deserto, ela nos observou por um bom tempo com curiosidade e, sem se despedir, virou-se e partiu. Ainda tenho seu olhar intenso registrado na minha memória!
Foi nesse cenário que almoçamos, livres, leves e soltas! Quer mais alguma coisa???
No retorno paramos em Toconao para ver se achávamos uma pousada mais em conta ou um lugar para acampar, já que em San Pedro as coisas eram meio caras. Enquanto Virna se ocupou dessa tarefa eu conversei com uma velha senhora de pele enrugada e seca, resultado do clima hostil do deserto durante seus 90 e tantos anos. Ela me disse que em toda sua vida não havia visto uma gota de chuva. Aliás, nem sabia o que era isso. Dá pra imaginar???
Não achamos nenhum lugar para dormir mas encontramos uma porção de vans que estavam voltando das lagoas altiplânicas. Quando estávamos perto de San Pedro, uma dessas vans passou por nós a toda e entrou numa ruazinha de terra à esquerda. Não tivemos dúvida e resolvemos seguí-la, já que havíamos visto no mapa uma tal de Laguna Cejas, que ficava por perto mas não tínhamos encontrado o acesso. A van disparou na nossa frente e o que era estrada de chão no início, se transformou em estrada de areia bem fofa após alguns quilômetros. Virna (que estava dirigindo no momento) ficou na maior “nóia” com medo de atolar o “golzinho 1000” no meio do deserto e eu só aos berros: ACELEEEEERAAAAAA.............!!!! hahahahaha........ muito engraçado! Rimos muito apesar da tensão, pois não podíamos perder a van de vista senão ficaríamos perdidas no meio do nada. Depois de alguns quilômetros comendo poeira atrás da van chegamos no que parecia ser uma cancela, pagamos a entrada e..... nossa!!! O lugar era lindo! A lagoa era de uma intensa cor azulada (um pouco pelo reflexo do céu) de águas transparentes e com as margens cristalizadas pelo sal, onde é possível banhar-se e desfrutar do efeito gravitacional produzido pela enorme quantidade de sal condensado. Mergulhamos nessa delícia, o corpo flutua facilmente o que proporciona um grande relaxamento. A água nos primeiros 30 cm é muito fria, quase congelante! Daí pra baixo vai se aquecendo gradualmente de forma que, se você ficar em pé, dos ombros até o peito é muito fria; do abdômen até um pouco abaixo dos joelhos é morninha, quase quente; e dos tornozelos para baixo é muito quente, quase insuportável! Uma sensação nunca sentida antes. Não perca!!!! Virna saiu rapidinho pois a água na superfície estava muito gelada meixxxxxxxmo e eu ainda fiquei por alguns minutos fazendo pose para as fotos. Ahhhhhhh....... uma dica: leve água para tirar o sal do corpo depois do banho, coisa que nós não sabíamos. Imagina como ficamos depois? hahahahaha.............
Quando estávamos no carro nos preparando para seguir a van que já estava de saída, uma moça se aproximou e nos disse:
- Hola! Mi nombre es Fabiola y es el conductor de la furgoneta. Noté que me están siguiendo y vine les invito a que vayan con nosotros a otra laguna muy bonita a apreciar la puesta del sol. ¿Vamos?
Ficamos surpresas e felizes ao mesmo tempo. Surpresas porque achávamos que nossa perseguição não tinha sido notada (quanta inocência! risos), e felizes por termos sido convidadas para uma turnê entre lagoas que nunca saberíamos da existência se não estivéssemos acompanhadas de guias locais. Show!!!!
Embarcamos no carro e lá fomos nós no encalço da van no meio do deserto por ruelas feitas de pura areia. Fabíola era meio maluca e corria muito! Também! Devia ser pouco acostumada a dirigir por essas bandas (risos). Além de muita poeira deixada pela van, tínhamos o sol bem na nossa cara, o que dificultava muito a visibilidade e por várias vezes erramos o caminho indo parar dentro de um areal mais denso e quase atolando. Afffffffff....... Aventura puraaaaaaaaa.............!!!
Nosso próximo destino era a Laguna Tebenquiche, mas antes passamos pelos chamados Ojos de Tebenquiche, que são buracos no meio do deserto cheios de água com um teor mais baixo de sal, muito profundos e que nos proporcionaram um reflexo maravilhoso do céu e de nós mesmas em suas águas escuras. Mui diferente!!!
Não nos demoramos muito, pois o sol já estava se pondo e tínhamos que chegar na lagoa Tebenquiche meio logo. Chegamos em cima do laço e o que vimos nos deixaram boquiabertas, um dos pôr do sol mais lindos que já vimos em nossas vidas! Uma mistura de laranja, branco e vermelho das montanhas com o azul intenso do céu se refletia no espelho de água da lagoa. Fantástico!!! Conforme o sol ia se pondo as cores iam mudando, passando para a púrpura com pinceladas em vermelho. Inenarrável!!! As fotos tentam mostrar a beleza do momento. Lindooooooooooooo...........!!! Aos poucos todas as outras vans que estavam lá com turistas foram embora, só ficando nós. O grupo que estava na van com Fabíola era bem simpático e nos integramos logo. Ficamos todos extasiados curtindo aquele visual até o anoitecer, sozinhos no meio do deserto! Vocês fazem idéia do que é isso?!?!?! Voltando a San Pedro aproveitamos a escuridão absoluta e paramos para contemplar o céu de Atacama. Vixi!!! Era uma profusão tão grande de estrelas que não dá nem pra contar, parecia que dava para pegá-las com as mãos. Com mais de 330 noites de tempo aberto e com um dos céus mais límpidos do planeta, o Deserto de Atacama é o paraíso dos astrônomos. Imagina?!?!?!
Chegamos na cidade ainda embasbacadas com tanta beleza vista num dia só e, pela cordialidade e simpatia de Fabíola, resolvemos fazer o passeio do dia seguinte com a agência onde ela trabalha. Iríamos para os Geysers Del Tatio e ela nos recomendou que não fôssemos de carro porque a estrada era muito ruim, só mesmo pra carros 4x4. Também nos aconselhou a não acampar, pois a temperatura durante a madrugada em San Pedro chegava a -4º. affffffffff.............
Bom, então ainda tínhamos que achar um lugar onde dormir e foi isso que fomos fazer. Batemos pernas por um bom tempo e achamos um albergue bem mais em conta, só que não tinha baño privado e nem serviam desayuno. Tuuuuuuuuuudo bem!!!! Quem liga pra essas coisas?!?!?! Depois de um merecido banho saímos para jantar e acabamos comendo um enorme e saboroso sanduíche. Voltamos rapidinho para o albergue e fomos dormir, afinal já passava das 23 h e tínhamos que acordar, mais tardar, às 3 da madruga, pois a van que nos levaria até os gêiseres sairia às 4 h. Afffffffff..........
Cama! (TV não tinha e também não fez falta nenhuma).
Não sentia nenhuma falta do cigarro. Ebaaaaaaaaa........ Estava conseguindo parar de fumar, mas sabia que ainda era cedo para comemorar. A vontade de fumar ainda voltaria, tinha certeza!
GASTOS:
1.900,00 – mercado para café da manhã;
4.000,00 – ingressos Laguna Chaxa;
2.600,00 – mercado para almoço;
4.000,00 – ingressos Lagunas Miscanti e Meñiques;
4.000,00 – ingressos Lagunas Cejas;
1.400,00 – água (será que é cara a água no deserto?!?!?!);
8.150,00 – jantar;
10.000,00 – albergue.
TOTAL = CLP 36.050,00 = R$ 144,90 (sobrando 829,09).
GERAL = R$ 3.041,81

18/08/07 – (sábado) – 16º dia – San Pedro de Atacama:
Acordamos às 3 h mas só conseguimos sair da cama às 3 h 30 min com muito esforço (risos). Tomamos nosso café no quarto (uma "dilícia"!!!), nos agasalhamos bem (tinham nos avisado que a temperatura chegaria a -10º no local) e fomos para a portaria esperar a van. Ficamos meio decepcionadas por não ser Fabíola que nos levaria neste passeio. Quem iria com a gente era Pablo, um cara super gente boa e tão simpático quanto Fabíola (conforme se mostrou no decorrer do dia). Conosco ainda foram alguns dos nossos recentes conhecidos do dia anterior. Os Geysers Del Tatio ficam a 99 km de San Pedro e a 4.320 manm. O fenômeno ocorre nas primeiras horas do dia, por isso tivemos que sair bem cedo, pois levaríamos cerca de 2 h para chegar ao local por estrada de terra bastante esburacada (ainda bem que não viemos de carro!!!). Chegamos numa espécie de portal, pagamos ingresso e desembarcamos pra esticar as pernas e fazer “pipi”. Seguimos de carro por mais uns minutos e chegamos ao nosso destino. El Tatio é o campo de gêiseres mais alto do mundo e está localizado na cordilheira andina. O vapor de água sai para a superfície através de fissuras na crosta terrestre, alcançando uma temperatura de 85º. Ao amanhecer, com a temperatura abaixo de zero, podemos apreciar um espetáculo impressionante e maravilhoso gerado pelos violentos fluxos de vapor que se elevam a mais de 60 metros de altura. Apesar da alta temperatura da água o vapor lançado aos céus não aquece o lugar e o borrifo dos gêiseres forma várias poças de água no chão que se congelam rapidamente devido ao intenso frio (-11º naquele dia! brrrrrrrrrr............).
Os gêiseres se originam pelo contato das águas geladas subterrâneas dos Andes com as rochas pra lá de quentes, que são aquecidas pelo magma do vulcão que dá nome ao lugar. Esses mananciais quentes dão origem ao Rio Salado que, após 80 km, se une ao Rio Loa. Este campo geotérmico é formado por 40 gêiseres, 60 termas e 70 “fumarolas” em uma extensão de 3 km2.
Ficamos admirando os gêiseres por um bom tempo ainda enquanto Pablo preparava nosso desayuno. Nos reunimos em volta de uma mesa perto da van e fomos servidas com um delicioso café fumegante acompanhado de chocolate, sanduíche e ovos quentinhos que, enquanto saboreávamos o sanduíche, ajudavam a aquecer nossas mãos quase congeladas (risos).
Embarcamos na van e Pablo nos levou até um local onde haviam várias crateras “pequerruchas” cheias de magma vulcânico em ebulição. Pintamos nosso nariz e nossas mãos com aquela “lama quente” e fomos até uma montanha de pedra onde pudemos observar vários vizcachas (uma espécie de coelho andino) tomando banho de sol. Eu e mais uma garota levamos um bom tempo para conseguir identificá-los em meio às pedras, eram todos da mesma tonalidade! (risos). Mais adiante um bando de guanacos nos observava de longe. Seguimos em direção as piscinas termais onde a temperatura da água varia entre 25º a 35º e é possível tomar banho, mas não nos arriscamos a tirar a roupa, afinal a temperatura fora ainda estava abaixo de zero (eu hein?!?!?! risos). Ali perto pudemos observar um dos maiores gêiseres visto até o momento. Da cratera borbulhante jorravam violentos jatos de água que atingiam cerca de 50 cm de altura. Em volta dessas crateras haviam vários poças de água fervendo margeadas de sais minerais, o que dava um colorido especial ao lugar. Mui belo!!!
Ao regressar dos gêiseres, tivemos a oportunidade de apreciar a bela paisagem por onde passamos durante a madrugada. Uma estrada tortuosa por entre as montanhas nos proporcionava um visual fantástico! A cada curva, subida ou descida descortinavam-se a nossa frente lagoas de cor esmeralda ou de um azul intenso misturado com o branco da neve e com o ocre da vegetação rasteira (lindo!), bandos de guanacos, mais vizcachas, diversas aves e gansos andinos em lagos semicongelados, burros selvagens e uma infinidade de lhamas. Dentro desse cenário avistamos de cima das montanhas o pequeno povoado de Machuca, que do alto mais parecia uma cidade de brinquedo, feita de massinha modelável (risos). Localizado num pequeno vale a mais de 4.000 manm, Machuca possui algumas parcas casas e uma charmosa igrejinha construída em adobe. O povoado é praticamente desabitado devido à drástica emigração das famílias, situação que, graças a diversos projetos de infra-estrutura da municipalidade de San Pedro, está sendo revertido lentamente com o retorno de algumas famílias, reativando desta forma as atividades agrícolas, pastoris e de produção de queijo. E foi nesse lugar que degustamos os mais saborosos espetinhos de carne de lhama. Uma delícia!
Novamente na estrada a paisagem vai gradativamente se transformando, passando das lagoas com águas cristalinas a um areal desértico formado por montes de rochas esburacadas numa imensidão incomensurável, sempre acompanhadas pelo majestoso Licancabur até chegarmos novamente em San Pedro, por volta das 13 h. Nos despedimos da galera e de Pablo, trocamos e-mail e fomos almoçar rapidinho pois a tarde ainda prometia... Eu comi salmão grelhado com arroz e Virna optou por macarronada ao molho pesto. Passeamos pela praça, compramos creme hidratante (o ressecamento tava pegando), tomamos sorvete, compramos água e ligamos para casa dando notícias.
Foi uma novela pra achar o posto de gasolina (risos). O lugar é muito bem escondido e sem sinalização nenhuma em lugar algum. Minha nossa!!! Perdemos mais de 30 minutos pra achar o dito cujo e levamos um susto: no Chile a gasolina consegue ser ainda mais cara que no Brasil. Depois de abastecer zarpamos em direção ao Valle de la Muerte, localizado a 2 km de San Pedro e considerada a região mais seca do planeta. Conforme determina a secura do Deserto do Atacama, ninguém pode viver no seu Vale da Morte, mas é possível admirá-lo de perto. O Vale é um festival de cores em eterna troca de formas, o vento forte carregado de areia fina castiga nosso rosto e é quase insuportável, mas a beleza do lugar compensa o sofrimento. Exuberante e belo, a quantidade de formas e esculturas naturais produzidas neste trecho do deserto é impressionante. O sedimento do solo é composto de sal e gesso, entre outros minerais, o que dá ao local uma coloração de rara beleza, entre o rosa, o amarelo e o branco.
Saímos dali e nos dirigimos para o Valle de la Luna, a 19 km de San Pedro e a 2.550 manm. Erramos o caminho e quase fomos parar num campo minado (hahahaha............). Saímos dali rapidinho antes de passarmos em cima de alguma mina (já pensou!!! risos). Chegamos ao portal do Vale, pagamos o ingresso e entramos (deu pra notar que se paga ingresso em cada atração? Todos os atrativos do Deserto do Atacama são administrados pelas comunidades indígenas locais, que têm a missão de cuidar deste Patrimônio Natural da Humanidade, gerando o menor impacto ambiental possível). O Vale da Lua é famoso por sua formação parecida com a superfície lunar, que se originou por formações e dobras de capas de sedimentos horizontais de um antigo salar. Sobre essas dobras se depositaram frações de rocha e cinza devido a atividade vulcânica do lugar. Hoje em dia está constituído por rochas sedimentares com intercalações de sal, gesso, clorato e argila. O vento e a ação de outros agentes atmosféricos talharam formas esculturais com montanhas afiadas, montículos e dunas que o transformaram em uma paisagem extraordinária. A ausência de vida animal e vegetal e a falta de umidade fazem do Vale da Lua o lugar mais inóspito do planeta.
A primeira atração que visitamos foi Los Vigilantes o Tres Marias, uma formação rochosa que é testemunho dos intensos processos de erosão e desgaste das rochas, sua composição é de argila, sal e quartzo e tem aproximadamente 1 milhão de anos. Depois andamos por uma caverna onde foi possível admirar vários cristais de sal. Saímos dali rapidinho pois já estava anoitecendo e queríamos ver o pôr do sol do alto do Sendero Duna Mayor – a maior duna do vale que se originou do acúmulo de areia devido a existência de barreiras naturais. Subimos a duna acompanhadas por uma multidão de pessoas, chegando lá em cima Virna seguiu em frente para apreciar o visual de uma montanha e eu virei a direita e caminhei pela crista da duna até outra montanha. O cenário é show de bola! O pôr do sol é apreciado por centenas de turistas a partir do topo das montanhas e de onde se tem uma vista panorâmica da belíssima formação geológica natural do Anfiteatro, das cordilheiras (Domeyko e dos Andes) e da cadeia de vulcões em atividade que circundam o vale, como o Licancabur, Láscar, Acamarachi e Águas Calientes.
À medida que o sol vai se pondo a nossa frente, atrás de nós a coloração das montanhas vai tomando nuances que vão do amarelo ouro ao escarlate. O esplendor da paisagem é tão grande que chega a emocionar, causando arrepios e arrancando lágrimas de meus olhos. Uma salva de palmas quase solitária, somente acompanhada de mais um rapaz ao longe (apesar de ter muita gente no local) encerrou esse espetáculo deslumbrante que a natureza repete a cada novo dia.
Virna me encontrou na metade da duna e nos abraçamos num misto de encanto e deslumbramento, sorrindo de felicidade. Valeu à pena, he, he...
Voltamos a San Pedro, passamos em um mercado para comprar nosso jantar (pão, queijo e iogurte) e fomos pro albergue. Estávamos pregadas! Também??!?! Estávamos acordadas desde as 3 da madruga! Banho, jantar e cama...
GASTOS:
20.000,00 – agência passeio gêiseres;
7.000,00 – ingressos gêiseres;
2.000,00 – espetinhos;
2.500,00 – gorjeta;
10.600,00 – almoço + gorjeta;
5.100,00 – sorvete + água + telefone;
26.000,00 – posto San Pedro de Atacama (4.380 km);
2.000,00 – ingresso Vale da Lua;
6.940,00 – mercado;
10.000,00 – albergue.
TOTAL = CLP 92.140,00 = R$ 370,34 (sobrando 716,81).
GERAL = R$ 3.412,15

Iquique - Santiago do Chile

19/08/07 (domingo) – 17º dia – San Pedro de Atacama / Iquique:
Nesse dia dormimos até mais tarde pra recuperar o sono. Levantamos lá pelas 9 h, tomamos café e pegamos a Ruta 23 em direção ao nosso próximo destino: Iquique, distante cerca de 500 km de San Pedro. Um pouco antes de Calama deveríamos pegar a direita em direção a Chuquicamata, mas não foi isso que fizemos e acabamos nos atrasando um pouco, pois não havia retorno próximo (risos). Já em Chuquicamata, pegamos a Ruta 24 e, após 3 h de estrada (rodovia meio esburacada no início mas em bom estado de conservação na maioria do trecho), passando por paisagens pra lá de desérticas, com plantações de pedra de um lado e de areia de outro (risos), 60 km após o cruzamento com a Ruta 5, na cidade de Tocopilla, demos de cara com o Pacífico. Apesar do dia meio fechado foi uma visão espetacular e um momento muito esperado. Comemoramos essa etapa da viagem, pois achávamos que tínhamos deixado o deserto para trás (ledo engano! Ainda tínhamos muito deserto pra ver. hahahaha........). Fizemos um rápido lanche dentro do carro mesmo com os alimentos que ainda tínhamos e pegamos a Ruta 1 em direção a Iquique. É um trecho muito bonito onde a rodovia é margeada pelo Pacífico (com suas águas esmeraldas) do lado esquerdo e por uma imensa cordilheira com mais de 800 m de altura do lado direito. Por um longo trecho essa cordilheira acaba direto no mar, só cortada pela estrada que serpenteia sua encosta. Com isso, o litoral chileno quase não tem praias com areia (em pleno deserto e não tem areia, pode?!?!? risos), pois sua costa é formada por grandes precipícios e entranhas rochosas, onde não é possível banhar-se. Admirando o mar verdinho resolvemos entrar numa estradinha de areia que nos levaria até uma das poucas “prainhas” existentes. Queríamos molhar os pés no Pacífico!!!! A idéia foi ótima, mas a ação foi estúpida! Ai... ai.... que burrada! Após 1 km acabamos atoladas no meio do nada! Afffffffff.......... Começamos o procedimento de “desatolação” (já tínhamos tido uma experiência semelhante na Chapada Diamantina em 2005 e havíamos jurado nunca mais fazer isso! hahahah.....). Erguemos o carro com o macaco e enchemos o espaço abaixo dos pneus dianteiros com pedras. Fizemos isso umas três vezes e de nada adiantou, saíamos de um buraco e entrávamos em outro. Desistimos da empreitada e Virna saiu à procura de socorro (a rodovia estava à cerca de 1 km de nós) enquanto eu guardava as malas e tudo o mais que tiramos para pegar o macaco lá no fundo do porta-malas. Já aproveitei e tirei o cambão caso precisasse. Não demorou muito e Virna voltou com um simpático rapaz chamado Jorge e que tinha um 4x4. Ele não tinha corda e o uso do cambão se fez necessário (ainda bem que havíamos levado um! risos). Procuramos algum lugar na dianteira do carro pra engatar o dito cujo e nada (no gol não existe nenhum engate específico para cordas, correntes ou cambões em lugar algum, nem na dianteira nem na traseira. Minha nossa! Que caca!!!). O único lugar que achamos viável e que dava pra colocar as correntes foi no eixo traseiro. Jorge foi muito solícito e nos ajudou a colocar o cambão. O único problema é que teríamos que rebocar o carro de ré e isto se tornou um pesadelo, pois não teve jeito de conseguirmos tirar o carro de lá desse modo. Quando não era a roda dianteira do gol que virava e travava no areal era a picape de Jorge que atolava! Ficamos nessa luta por cerca de 30 minutos e tivemos que desistir pois Jorge estava indo para Antofagasta (uns 300 km de onde estávamos, na direção oposta a Iquique) pegar um avião pra Santiago quando foi abordado pela maluca da Virna desesperada atrás de socorro. Agora ele tinha que ir senão perderia o vôo. Despedi-me e agradeci muito sua ajuda (VALEU JORGE!!!). Virna foi com ele até um posto policial que havíamos passado uns 2 km atrás tentar achar um guincho pra nos tirar de lá. Enquanto isso eu fui fazer o que tínhamos planejado antes de fazermos essa maluquice: molhar os pés no Pacífico. Fiquei andando de um lado para o outro olhando o mar e os mais variados tipos de conchas na beira da praia, bem diferentes das que encontramos aqui, no Atlântico. Depois de algum tempo Virna voltou acompanhada de uma viatura da polícia chilena (os Carabineiros do Chile) e de mais um 4x4 com quatro policiais pra ajudar. Os caras eram gente boníssima e rimos muito da situação. Como não tinha lugar pra colocar a “tranqueira” do cambão, a solução foi amarrar uma corda no para-choque. Enquanto o pessoal fazia este procedimento, Virna também foi fazer o que tinha vindo fazer ali: molhar os pés no Pacífico! (ebaaaaaaaa.........), rimos muito meixxxxxmo. Tudo pronto, embarcamos no carro e aos poucos fomos sendo rebocadas. Agora com o carro de frente, foi fácil tirá-lo do areal. VIVAAAAAAAAAA........ Estávamos livres novamente! Acompanhamos nossos “salvadores” até o posto policial, agradecemos a ajuda, trocamos e-mail e pegamos a estrada novamente (VALEU RAPAZES!!!).
No caminho tivemos o prazer de ver um bando de pelicanos brincando sobre as ondas do Pacífico. Lógico que paramos pra fotos. Imagina!!!
Chegamos em Iquique já era noite e, pra variar, nos perdemos e foi difícil achar o hotel. Depois de rodar muito e se estressar um monte (risos), achamos o hotel e fomos direto para o quarto. Um banho e cama... (jantar???? TV???? Pra quê??? hahahah.....).
GASTOS:
20.000,00 – hotel;
TOTAL = CLP 20.000,00 = R$ 80,39 (sobrando 894,48).
GERAL = R$ 3.492,54

20/08/07 (segunda-feira) – 18º dia - Iquique:
Em conseqüência de nosso desabamento da noite anterior acordamos cedo e bem dispostas. Tomamos café que, diferentemente da Argentina, tinha a opção de fazer o nescafé com leite, um copo de suco e um sanduíche (meeeeeeeeee........... que banquete!!! Mas eu repeti o sanduíche, risos). Deixamos o carro pra lavar (depois da “atolada” não tinha mais condições de uso! risos) e fomos bater pernas pela cidade. Esta localiza-se ao pé daquela cordilheira litorânea que nos acompanhou por todo o trecho desde Tocopilla. Com o fim do Ciclo do Nitrato, após a Primeira Guerra Mundial, Iquique se tornou a principal exportadora de frutos do mar do mundo. A praça principal conserva alguns dos prédios dessa época e no centro da cidade predomina o Teatro Municipal, construído em 1890. Defronte do teatro está a Torre Reloj, branca e alta com arcos mouriscos, símbolo da cidade. Em uma das esquinas da praça encontramos o Casino Español – antes um clube masculino, hoje um restaurante – que apresenta um interior primoroso em estilo mourisco, com pinturas que retratam passagens de Dom Quixote nas paredes. Vale a pena uma visita.
Andamos pela cidade a manhã toda, fazendo umas comprinhas aqui e outras acolá, passamos no mercado de frutas e verduras e experimentamos vários tipos estranhos como o caygua (parecido com chuchu), umbo e um tipo de pepino fruta, todas muito saborosas.
Voltamos ao hotel, pegamos o carro e fomos almoçar no Mercado Centenário. O prato escolhido lógico que foi peixe né? Optamos por um “acha” ao molho de champignon e um “albacore” grelhado. De sobremesa vieram pêssego com creme de leite e o Pisco, um aguardente de uva típico do Chile. Uma delícia! Perto dali um bando de pelicanos nos observava tranqüilamente. Foi nesta hora que decidimos sair de Iquique naquele mesmo dia, sabíamos que tinha muita coisa legal pra conhecer lá, mas não tínhamos tempo para isso. Já era dia 20 e estávamos apenas no meio da viagem, ainda faltavam mais de 5.000 km. Combinamos de passar na Zona Franca, ou Zofri, como é conhecida e logo depois pegar a estrada de volta até Tocopilla e de lá seguir para Santiago. Zona Franca é Zona Franca né? Uma infinidade de lojas que nos oferecem de tudo a preços baixíssimos (sem impostos). Quem resiste? Nós resistimos (se tivéssemos mais grana não resistiríamos. risos). Quase comprei minha tão sonhada Canon XT digital pela bagatela de R$ 1.400,00. Ai.... ai...... Acabamos comprando só um perfume mas rodamos a tarde toda por lá. Pegamos a estrada já passava das 17 h e tínhamos certeza que não iríamos chegar em Tocopilla antes do anoitecer. Beleza! Já conhecíamos a estrada e isso não seria problema. Lá fomos nós! Depois de quase 20 km rodados lembramos que tínhamos esquecido de abastecer, por conhecimento sabíamos que não haveria posto nos próximos 270 km até Tocopilla e o tanque já estava quase na reserva. Afffffffffff....... o jeito era voltar para abastecer. A cabeça não pensa, o corpo paga! (risos). Foi nessa volta então que decidimos passar mais uma noite na cidade. Não tínhamos arriscado dirigir durante a noite e não íamos fazer isso agora. Fomos então apreciar um belo pôr do sol em uma das poucas praias existentes, abastecemos o carro, voltamos ao hotel, deixamos nossas malas e retornamos para a Zona Franca. Não tinha grana pra comprar a Canon mas tinha para comprar mais um cartão de memória pra minha câmera (risos). À noite voltamos ao centro e comprei alguns casacos que estavam na promoção para presentear minhas irmãs (estava de graça! Uma das poucas coisas baratas no Chile). Rodamos pela praça apreciando a arquitetura do lugar e encontramos uma pizzaria super aconchegante que nos serviu uma pizza maravilhosa. Foi neste ambiente que ouvimos pela primeira vez o som do Moby, um estilo de música techno que não curtimos muito, mas que nos chamou a atenção. Muito show!!! Prometemos que na primeira oportunidade compraríamos um CD desse cara. Voltamos ao hotel, TV e cama...
GASTOS:
9.960,00 – casacos, meias, sabonete;
760,00 – frutas;
1.000,00 – lavação;
2.220,00 – água, coca, café;
14.000,00 – almoço + gorjeta;
28.800,00 – posto Iquique (5.000 km);
23.300,00 – perfume;
16.900,00 – cartão de memória;
21.000,00 – casacos;
11.230,00 – jantar + gorjeta;
20.600,00 – hotel + sanduíche adicional (ééééé..... eles cobram o sanduíche adicional! Risos);
TOTAL CLP 149.770,00 = R$ 601,97 (sobrando 550,57 – ta diminuindo!!!).
GERAL = R$ 4.094,51

21/08/07 (terça-feira) – 19º dia – Iquique / Copiapó:
Levantamos cedo, tomamos café e pegamos a estrada pois esse seria mais um dia só de asfalto. Nossa meta era chegar em Copiapó, a mais de 1.000 km de distância. Seguimos pela Ruta 1 até Antofagasta (estrada em ótimas condições), sempre acompanhadas de um lado pelo Pacífico e do outro pela cordilheira. Chegamos lá por volta das 14 h, abastecemos, fizemos um lanche e seguimos adiante, agora pela Ruta 5 que, até a cidade de Chañaral, se afasta do Pacífico, transformando a paisagem novamente em quilômetros e quilômetros de areia e pedra. Após uns 70 km depois de Antofagasta nos deparamos com a famosa escultura “Mão do Deserto”, parada obrigatória para todo viajante que cruza o norte chileno (emocionante!!).
Chegando em Chañaral (onde a rodovia encontra o Pacífico novamente) tivemos a satisfação de poder curtir mais um maravilho pôr do sol no mar. Muito lindo!
Quando chegamos em Copiapó já era noite. Paramos em um posto para abastecer e solicitar informações sobre como chegar ao centro já que nosso guia não trazia informações nenhuma sobre a cidade. Achamos o centro, estacionamos o carro e saímos a pé a procura de um hotel. Entramos em vários mas todos estavam lotados. Affffffffff.........!!! Em um deles encontramos um rapaz que trabalhava como guia turístico e ele nos informou que todos os hotéis na cidade estavam lotados, não adiantava procurar. Vixi!!! O que fazer??? Ele nos indicou voltar até Caldera, uns 75 km pra trás ou seguir até Vallenar, uns 150 km adiante. Nenhuma das duas idéias nos apeteceu. Então ele nos indicou alguns albergues nas redondezas mas nos alertou que não eram muitos bons e que talvez também estivessem lotados. Entramos em vários e, conforme nosso “amigo” guia, estavam todos lotados. Finalmente encontramos vaga num deles, o quarto era péssimo e o banheiro coletivo não dava nem pra entrar. Respiramos fundo... tuuuuuudo bem, era só por uma noite e, pelo menos, tinha garagem. Guardamos o carro e fomos jantar num shopping próximo, onde comemos salada e um tipo de canelone muito gostoso. Naquela noite fomos dormir sem tomar banho. Ahhhhhhhhhh....... tinha TV! Hahahahaha...............
GASTOS:
2.030,00 – lanche;
21.287,00 – posto Antofagasta (5.441 km);
25.579,00 – posto Copiapó (6.028 km)
5.430,00 – jantar;
14.000,00 – hotel + garagem.
TOTAL CLP 66.296,00 = R$ 266,46 (sobrando 542,17 - diminuindo).
GERAL = R$ 4.360,97

22/08/07 (quarta-feira) – 20º dia – Copiapó / Santiago:
Acordamos cedo e saímos sem tomar banho (não tivemos coragem de usar o banheiro. risos). Essa era a segunda vez que isso acontecia e esse lugar conseguiu ser pior do que em Monte Quemado. Paramos em um posto para tomar café e seguimos adiante (tínhamos mais de 800 km pela frente até Santiago). Novamente a rodovia, a partir desse ponto, se afastava do Pacífico pintando a paisagem toda de marrom até chegar em La Serena. Deste ponto em diante a rodovia é duplicada e margeia o oceano até Pichicuy, uns 160 km antes de Santiago. Mais uma vez o dia foi só de asfalto, com paradas aqui e ali para fotos, compra de alguns produtos (queijo de cabra, azeite de oliva, papaias, etc...) na beira da estrada e muitos pedágios. Chegando perto de nosso destino já estávamos quase sem dinheiro (peso chileno) para pagar pedágio. Tínhamos mais um pedágio pela frente e, no anterior nos informamos sobre o valor a ser pago no próximo, que era de 800 pesos. Na carteira tínhamos somente notas de U$100 e 750 pesos em moedas. Paramos em vários lugares na vã tentativa de trocar os dólares e nada!!! Chegamos no pedágio apenas com 750 pesos, olhamos para o caixa, tentando manter a seriedade e explicamos nossa situação, mostrando as moedas que ele não aceitou pois faltavam 50 centavos de peso (dá pra fazer idéia de quanto isso vale em reais??? Eu nem consegui fazer as contas ainda!!! risos). Mostramos a nota de U$ 100 que ele nem cogitou na possibilidade de trocar. Vimos jeito de ter que dar marcha ré e voltar não sei até onde para trocar os dólares. Ahhhhhhhhhh........ isso nem pensar!!! Foi aí que Virna ofereceu os 750 pesos e mais um saco de papaias que havíamos comprado uns quilômetros antes e que de imediato ele não aceitou. Os motoristas atrás de nós mostraram sua impaciência no primeiro toque sonoro de buzina que acabou sendo nossa salvação. O caixa aceitou nossa oferta e saímos dali rapidinho, rindo muito e sem nossas papaias.
Chegamos na cidade e paramos em um posto para um café e “pipi”. Saímos à procura do hotel indicado no nosso guia, que ficava no centro. Rodamos um bocado pra lá e pra cá sem sucesso! Chegávamos perto da rua indicada e não conseguíamos achá-la tamanha era a confusão do trânsito. Nos perdemos várias vezes, no vai e volta anoiteceu e não achamos a rua do hotel. Paramos em um posto para abastecer e estudar o mapa com mais calma. Com isso não prestamos atenção no que estávamos fazendo e deixamos o cartão de crédito na mão do frentista que foi sozinho fazer a transação. Na hora nem nos tocamos mas viemos a descobrir depois, quando chegou a fatura do cartão, que o “babaca” passou o cartão duas vezes. Lógico que pedi o estorno do débito indevido, já que não havia assinado a segunda passada do cartão, mas tive o incômodo de ter que cancelar o cartão e ficar mais de 40 minutos com a atendente para todos os burocráticos procedimentos (apesar da demora fui muito bem atendida). Nunca deixe seu cartão na mão de estranhos. Fica aí o alerta! Nem precisava falar né? (tonta). Após essa "burrada" encontramos um restaurante japonês e foi lá que jantamos, nos esbaldando de sushis e sashimis. Voltamos a procurar a rua de nosso hotel e finalmente achamos a dita cuja. Nos acomodamos, tomamos nosso merecido e “faltoso” banho e caímos na cama, sempre com a TV (risos).
Pôxa, já estava há 20 dias sem fumar!
GASTOS:
6.130,00 – café;
500,00 – frutas;
5.600,00 – azeite, queijo de cabra e mais frutas;
10.000,00 – 6 pedágios (aqui tem os 50 centavos da papaia. hahahaha);
15.700,00 – posto Coquimbo (6.378);
2.570,00 – café;
24.970,00 – posto Santiago – “maledeto” (6.895 km);
32.100,00 – jantar + gorjeta;
23.000,00 – hotel.
Total CLP 120.570,00 = R$ 484,61 (sobrando 315,62 e diminuindo....).
GERAL = R$ 4.845,58

23/08/07 (quinta-feira) – 21º dia - Santiago:
Aqui o café da manhã também é mais bem servido com maçã, iogurte, café, torradas, pão e presunto (queijo não), mas tínhamos o queijo de cabra comprado no dia anterior e ficou tudo certo. (risos).
Conforme nosso guia, Santiago não é uma cidade com muitos atrativos e esses podem ser conhecidos a pé em dois dias. E foi isso que fizemos, saímos a pé pra conhecer o centro da capital Chilena (o hotel era bem pertinho). O primeiro lugar que visitamos foi a Plaza de Armas, que é o marco zero de todas as distâncias do Chile. Neste local foram construídos os mais importantes centros de poder – os tribunais, o palácio do governador e a catedral – e onde se realizavam as feiras, as touradas e os festejos. A catedral é uma combinação dos estilos neoclássico e barroco e vale a pena uma visita. Passamos também pelo Palacio de la Moneda, onde pudemos apreciar a simetria e a elegância compacta desse prédio neoclássico baixo, que se estende por toda a quadra e onde vale a pena ver a cerimônia da troca de guarda que acontece em dias alternados pontualmente às 10 h diante do palácio. Andamos pelo centro da cidade por mais algum tempo visitando outras atrações como o Teatro Municipal e outros prédios antigos e fomos para o Mercado Central, um magnífico prédio onde se encontra de tudo, frutas, verduras, carnes, embutidos, pescados, mariscos, queijos, presuntos, ervas especiais, plantas e gastronomia típica. Compramos um monte de amêndoas, pistache, chips de banana, etc... e fomos almoçar. O prato escolhido foi à base de pescados e frutos do mar com camarão, lula, polvo, caranguejo, marisco e outros tipos de peixes estranhos, que não lembro mais o nome (risos), acompanhado de um bom cabernet blanc (que chique!). Após o almoço Virna voltou ao hotel para descansar e eu fui levar minhas máquinas novamente para descarregar. Enquanto esperava por este serviço entrei em uma loja e comprei o CD do Moby (promessa é dívida!), perambulei pelas ruas, dei “milho aos pombos”, liguei pra casa pra avisar que estava tudo bem e fui buscar os CD’s com as fotos. Voltei ao hotel, Virna ainda dormia e eu aproveitei para um cochilo também. À noite fomos bater pernas novamente pelo centro, compramos algumas garrafas de vinho e olhamos vitrines por um bom tempo. Quando voltamos ao hotel havia uma manifestação e paramos para ver do que se tratava, foi aí que percebemos que nosso hotel ficava bem em frente a uma antiga construção que tinha sido uma casa de tortura na época da ditadura. A manifestação era de um grupo de ativistas que queria fazer deste endereço uma Casa de Memória, em homenagem aos 119 presos políticos assassinados ali e o governo não aceitava, queria transformá-la em um Instituto de Direitos Humanos. Minha nossa!!!
Nessa noite nem jantamos tamanho tinha sido o exagero do almoço, roemos alguns chips de banana e comemos umas poucas amêndoas. Fomos dormir pois iríamos sair cedo em direção à Argentina novamente. Nem ligamos a TV.
GASTOS:
13.500,00 – amêndoas, pistache, etc...;
72.240,00 – almoço + gorjeta;
8.000,00 – CD Moby;
4.910,00 – CD’s fotos + telefone;
1.500,00 – água + café;
6.380,00 – chapéu e vinhos;
23.500,00 – hotel;
TOTAL CLP 130.030,00 = R$ 522,63 (sobrando 51,05).
GERAL = R$ 5.368,21

Portillo - Mendoza - Buenos Aires - Apiúna

24/08/07 – (sexta-feira) – 22º dia – Santiago / Mendoza:
Tomamos café e pegamos a estrada. Ao contrário da entrada, a saída de Santiago foi bem fácil! Seguimos na direção norte e em pouco tempo estávamos na rodovia que nos levaria a Los Andes, Portillo e a fronteira com a Argentina, onde veríamos o Aconcágua, outro ponto alto de nossa viagem! (yuhhhhhúúúúú...........).
Pagamos mais dois pedágios antes de encontrar a Ruta 60 que nos levaria até a fronteira. Subindo esta rodovia tivemos nossa primeira visão da Cordilheira dos Andes completamente coberta de neve, ficamos eufóricas! As montanhas ao nosso redor ainda apresentavam uns parcos arbustos verdes sempre acompanhadas por um rio de águas cristalinas serpenteando ao lado da rodovia e lá, bem lá no fundo, a majestosa cordilheira toda branquinha. Que emoção!!! Aos poucos as montanhas verdes e marrons foram ficando pra trás e entramos de vez no meio da cordilheira, a paisagem agora era toda de altos picos cobertos de neve e em pouco tempo chegamos ao conhecido trecho Los Caracolles, uma subida íngreme com 31 curvas de 180º, o que nos obrigou a fazer todo o trajeto em segunda marcha. Logo depois chegamos a Portillo, uma estação de esqui que, segundo nosso guia, é considerada umas das mais chiques da América do Sul. Eu, particularmente, não achei lá essas coisas (e o que eu entendo de estação de esqui, né? hahahaha...). É um lugar muito bonito e com apenas um hotel, o Hotel Portillo, prédio restaurado dos anos 40 nas margens da Laguna Del Inca (que estava congelada) e com uma multidão de brasileiros. Almoçamos no restaurante do hotel, perambulamos pelos arredores, tiramos muitas fotos e seguimos viagem. Depois de 7 km chegamos na aduana Chilena, apresentamos os documentos necessários e legalizamos nossa saída do Chile. Adiós Chile!
CONSELHO: troque ou gaste todas suas moedas chilenas em Portillo, pois elas não serão aceitas na Argentina, só as notas de papel.
Logo depois chegamos ao túnel Cristo Redentor, que liga os dois países, com cerca de 3.200 m de extensão. No meio do túnel existe uma placa avisando: “Bem-vindo a Argentina”, informando a fronteira real entre os dois países e a Ruta 60 se transforma em Ruta 7. Um pouco mais adiante nos deparávamos com a magnífica visão da entrada do Parque Provincial do Aconcágua, situado no Valle de Horcones, todo coberto de uma espessa camada de neve. A estrada está numa altitude de 2.850 manm e o topo do “bicho” está a exatos 6.962 manm. Estacionamos o carro e fomos conversar com uma garota que estava fiscalizando o trabalho de uma máquina de tirar neve. Ela nos disse que era possível chegar até um mirante a uns 2 km adentro e de onde teríamos uma visão mais completa do gigante branco. O frio era intenso e voltamos até o carro para pegarmos as roupas de neve (finalmente íamos usá-las!). Seguimos pelo caminho que sem aquela neve toda era de asfalto, sempre acompanhando as placas de sinalização que estavam quase totalmente soterradas até o Centro de Informações do parque, distante 1 km do estacionamento e que levamos quase 1 h pra percorrer com aquela neve toda. Uma garota simpática nos atendeu e autorizou nossa ida até o mirante, mas nos recomendou seguir sempre as placas informativas, que também estavam quase soterradas. Caminhar na neve não estava se mostrando uma tarefa das mais fáceis, a dificuldade para respirar devido à altitude fazia o coração bater acelerado. O frio (que segundo a guarda-parque era de -15º) e o vento contribuíam para dificultar ainda mais nosso objetivo. Conforme avançávamos a nossa esquerda o pico do Aconcágua já se mostrava imponente aos nossos olhos. Íamos devagar apreciando a beleza daquele lugar e de vez em quando pisávamos na neve fofa e afundávamos até os joelhos, caíamos na gargalhada e jogávamos neve pra cima. Estar ali era inacreditável! Levamos mais de 1 h pra percorrer 1 km até o mirante de onde pudemos admirar toda a beleza do “Sentinela de Pedra”, significado da palavra Aconcágua. Deste mirante, situado a 2.950 manm, pode-se apreciar a parede sul da montanha. Nesta parede pode-se observar glaciares gigantes denominados de seraks. O glaciar superior possui uma espessura entre 200 e 300 metros. Esta magnífica montanha é a mais alta do mundo fora os picos do Himalaia e pensei na quantidade de pessoas que já passaram por ali para enfrentar o desafio de chegar a 7.000 metros de altitude por meios próprios, e de quantos já perderam a vida tentando esse feito. Voltamos pelo mesmo caminho e antes de chegarmos ao centro de informações demos uma olhadinha pra trás e o “grandão” nos presenteou com a famosa “fumacinha” no seu ponto mais alto. Show de bola!!!! Agradecemos a guarda-parque pela atenção e saímos daquele paraíso com a certeza de que acabávamos de ver o resultado da combinação da força da natureza: a água, o vento e os glaciares que modelaram o atual Aconcágua ao longo de milhões de anos. Valeu a pena, he... he...
Logo depois chegamos na aduana Argentina, preenchemos mais papéis para legalizar nossa entrada, uma revista rápida no carro, uma conversa com os policiais dizendo o que faríamos e quantos dias iríamos ficar no país e fomos liberadas rapidinho, sem muita burocracia. O que subimos antes estávamos descendo agora e aos poucos as montanhas cobertas de neve foram dando lugar novamente as montanhas verdes e marrons, havíamos acabado de cruzar a Cordilheira dos Andes (yuhúúúúúú...............). Em Uspalatta dobramos a direita em direção a Mendoza. Já estava anoitecendo e a paisagem ia mudando de tonalidade, passando dos picos marrons com branco a montanhas multicoloridas com alguns parcos montes congelados ao fundo. Anoiteceu rapidamente, o frio era intenso dentro do carro e para piorar começou a chover. Naquela escuridão, de repente, percebemos que a chuva não era chuva, era NEVE!!!! Sim, isso mesmo. Estava nevando!!! Parei no acostamento, pulei do carro (Virna não topou, estava congelada! risos) e pude sentir os floquinhos de neve caindo sobre minha cabeça. Ma-ra-vi-lha!!! Que dia espetacular!!!
Chegamos em Mendoza, nos instalamos em um bom hotel e fomos comer uma deliciosa pizza acompanhada (logicamente) de um bom cabernet sauvignon no centro da cidade. Voltamos ao hotel, TV e cama...
GASTOS pesos chilenos: (colocarei as despesas em peso chileno e no final uma somatória em reais):
2.100,00 – 2 pedágios;
30.000,00 – almoço;
CLP 32.100,00 = R$ 129,02

GASTOS pesos argentinos: (colocarei as despesas em peso argentino e no final uma somatória em reais):
48,00 – jantar + gorjeta;
80,00 – hotel;
$ 128,00 = R$ 84,48 (Viva a Argentina!!! Aqui tudo é bem mais barato!!!)
TOTAL = 213,50 (sobrando 95,61)
GERAL = R$ 5.581,71

25/08/07 (sábado) – 23º dia - Mendoza:
Acordamos mais tarde naquela manhã, olhamos no relógio e já passava das 9 h. Como o café da manhã era servido até às 10 h, descemos rapidinho para tomar o mesmo e a senhora que nos atendeu não estava com uma cara muito boa. Trouxe nosso café, que voltou a ser uma xícara de café solúvel, uma meia-lua, um doce e uma porção de manteiga. (risos).
Saímos e fomos bater pernas pelo centro de Mendoza, que é quase totalmente plana, a menos de 100 km da eternamente sempre congelada Cordilheira dos Andes, cujos picos são nitidamente visíveis da cidade. Entramos no Mercado Central, que é o centro comercial mais antigo da Província, fundado em 1883, e que oferece grande variedade de produtos como frutas, verduras, carnes, embutidos, pescados, mariscos, queijos, presuntos, ervas especiais, plantas e gastronomia típica. Compramos uma infinidade de biscoitos e amêndoas e fomos almoçar em um restaurante especializado em massas, eu optei por um penne ao molho de salmão e Virna ficou com um talharim ao molho pesto sempre com um bom cabernet. Tomamos um limoncello (licor típico da Argentina) para finalizar e voltamos às compras, dessa vez para nos enchermos de vinho. Com certeza iríamos voltar ao Brasil carregadas de vinho. Ficamos nessa tarefa a tarde toda. Voltamos ao hotel, arrumamos nossas aquisições (quanto vinho!!!) no carro, tomamos um banho rapidinho (estava ficando muito frio), pois já eram quase 18 h e queríamos voltar ao Mercado Central, que fechava às 20 h. Quando chegamos na recepção, por um acaso olhamos o relógio na parede e constatamos já passar das 19 h, olhamos nosso relógio e nele marcavam 18:15 h. Pôxa vida, estávamos ainda com o horário chileno no relógio, que era de menos 1 h. Agora entendemos o mau humor da senhora que nos serviu o café da manhã. Na verdade, quando descemos para tomar café, já passava muito das 10 h (hahahahaha........). Explicamos o “causo” para a senhora, pedimos desculpas e saímos correndo dali em direção ao Mercado, chegando lá quinze minutos antes de cerrar as portas, dando tempo de comprar patê de azeitonas e folhas de parreira na conserva, que tinham ficado pra trás na nossa lista (risos). Como não estávamos com muita fome decidimos que íamos fazer um lanche no quarto do hotel e compramos um pouco de queijo, salmão defumado e pães para isso. Passeamos ainda por cerca de 2 h por uma feirinha de artesanato, voltamos ao hotel, lanchamos e fomos dormir pois o dia seguinte seria só de asfalto novamente, por cerca de 950 km até Buenos Aires.
GASTOS:
157,75 – compras;
101.50 – almoço + gorjeta;
167,78 – vinhos;
25,70 – queijo, salmão e pães;
80,00 – hotel;
TOTAL $ 532,73 = R$ 351,60 (sobrando 2,07 – Vivaaaaaaaaaa.... estamos conseguindo diminuir).
GERAL = R$ 5.933,31

26/08/07 (domingo) – 24º dia – Mendoza / Buenos Aires:
Levantamos cedinho, tomamos café, abastecemos o carro e nos despedimos da cidade. Rodamos o dia inteiro e, conforme nos distanciávamos de Mendoza e nos aproximávamos de Buenos Aires a paisagem ao nosso redor ia mudando lentamente, passando das paragens marrons com as montanhas geladas ao fundo para imensas pastagens com grande quantidade de gado, áreas alagadas repletas flamingos rosados e muito verde. Paramos somente para fazer um lanche, reabastecer o carro e pagar uma infinidade de pedágios. Não queríamos chegar muito tarde na capital Argentina.
Próximas de nosso destino pudemos novamente apreciar mais um belo pôr do sol, selando nosso dia cansativo de tanto dirigir com uma visão espetacular, mais uma vez de emocionar! Chegamos por volta das 19 h e, ao contrário de Santiago, achamos a rua do hotel indicado no guia bem rápido, o problema é que o mesmo estava lotado. Tuuuuuuuuudo bem! Saímos à procura de outro e acabamos nos perdendo no centro da cidade e tudo o que não queríamos naquele momento era ficar rodando de um lado para o outro. Foi aí que lembramos que em Buenos Aires tinha Hotel Íbis. Numa sinaleira abordamos um taxista e pedimos para ele nos levar até lá. Foi em vão, pois o Íbis também estava lotado. Deixamos o carro em frente ao hotel e saímos a pé a procura de outro e logo achamos um que ainda tinham vagas nas redondezas, pertinho do centro. Nos instalamos, tomamos um banho e fomos jantar um caprichado canelone numa simpática casa de massas logo na esquina da rua do nosso hotel. Caímos exaustas na cama, não sem antes ligar a TV (risos).
GASTOS:
65,54 – posto Mendoza (7.322 km);
17,10 – lanche;
77,00 – posto Parador la Lucila (7.863 km);
19,70 – 10 pedágios (só não tinha mais por falta de estrada! hahaha...);
39,40 – jantar;
114,00 – hotel + garagem;
TOTAL $ 332,72 = R$ 219,61 (sobrando 40,52).
GERAL = R$ 6.152,92

27/08/07 (segunda-feira) – 25º dia – Buenos Aires:
Acordamos tarde e acabamos perdendo o horário do café da manhã. Fomos tomar café no mesmo lugar da janta na noite anterior e fomos bater pernas pelo centro de Buenos Aires, a terceira maior cidade da América Latina e famosa pelo tango. Fomos até a Plaza del Congresso, dominada pelo edifício de arquitetura greco-romana do Congresso Nacional e onde está o notável monumento a los Dos Congresos, uma série de esculturas colocadas sobre degraus de granito e cujo topo se encontra a figura da República. Vimos uma interessante praça só para cachorros, me diverti muito dando milho aos pombos (risos), passamos pelo Obelisco, um monumento de 67 metros de altura que fica no cruzamento da Av. 9 de Julio com a Av. Corrientes, erguido em 1936 e próximo ao restaurante onde iríamos almoçar, um simpático ambiente onde ainda encontramos gentis garçons de jaquetas brancas especializado em bife de chorizo com papas fritas, uma delícia!!!. Voltamos ao centro, assistimos uma apresentação de tango na movimentada Rua Flórida (só para pedestres) e fomos até a Plaza de Mayo, onde acontecem manifestações semanais das Madres de la Plaza (mães que possuem filhos desaparecidos na ditadura) e onde está a Casa Rosada, sede do governo argentino. Passamos pelo Cabildo, o único edifício sobrevivente da época colonial e entramos na Catedral Metropolitana, uma construção robusta em estilo neoclássico e que abriga no seu interior o mausoléu do herói da Independência, general San Martín.
Anoitecemos perambulando pra lá e pra cá, saboreando cafés, tiramisus e alfajores. Ligamos pra casa pra dar notícias e, como o almoço foi muito bem servido, decidimos passar em um mercado onde compramos pão, presunto, queijo e suco para fazermos um lanche no quarto mesmo. Assistimos um pouco de TV e fomos dormir.
GASTOS:
7.45 – café;
71,50 – almoço + gorjeta;
16,90 – café + alfajores;
14,00 – telefone;
10,15 – mercado;
104,00 – hotel + garagem;
TOTAL $ 224,00 = R$ 147,84 (sobrando 150,74).
GERAL = R$ 6.300,76

28/08/07 (terça-feira) – 26º dia – Buenos Aires:
Levantamos, tomamos café e fomos para o centro pois queríamos conhecer o metrô de Buenos Aires. Aproveitamos e fomos de metrô até o bairro La Boca, famoso por seu time de futebol, o Boca Juniors e por suas casas de madeira e ferro pintadas de cores fortes. Desembarcamos na estação e pegamos um táxi até La Bombonera, onde está o famoso Caminito, fundado pelo mais famoso artista local Benito Quinquela Martín, que pintou cenas da vida cotidiana do bairro e estimulou os moradores a perpetuar a tradição dos imigrantes de pintar suas casas de cores vivas. No meio da rua existe uma feira de artesanato ao ar livre e onde acontecem apresentações de tango durante o dia todo. Almoçamos num dos vários restaurantes do bairro e passeamos pelas ruas do Caminito sem pressa, dando milho aos pombos e tomando sorvete (risos). Compramos mais um imã pra nossa coleção e chegamos às margens do rio, que nesse ponto é chamado de Riachuelo (muito sujo) e de onde tivemos uma visão do marco da cidade: a Ponte Transbordador, uma ponte de ferro construída nos primeiros anos do século 20 e hoje desativada. No fim da tarde voltamos ao centro de ônibus (sem cobrador e que deve ser pago com moedas) e rodamos por lá até anoitecer. Mais uma vez passamos no mercado e compramos nosso jantar (pão, presunto, queijo e suco). Fazer um lanche no quarto do hotel estava se tornando rotina e uma excelente pedida para quem já estava com saudades da “comidinha de casa!” (risos).
Fomos dormir cedo, pois novamente o dia seguinte ia ser só de estrada. Pelas nossas contas ainda estávamos a 2.000 quilômetros de casa e ainda queríamos passar pela Rivera, no Uruguai.
A essas alturas não sentia vontade nenhuma de fumar.
GASTOS:
1,40 – metrô;
8,00 – táxi;
45,00 – almoço + gorjeta;
12,00 – café;
13,00 – imã, sorvete, pipoca;
1,60 – ônibus;
33,00 – compras;
4,50 – sorvete;
17,01 – mercado;
100,00 – hotel + garagem;
TOTAL $ 235,51 = R$ 155,44 (sobrando 253,36).
GERAL = R$ 6.456,20

29/08/07 (quarta-feira) – 27º dia – Buenos Aires / Tacuarembó:
Acordamos, tomamos café, abastecemos o carro e, olhando o mapa, descobrimos que ainda teríamos uns quatro pedágios pela frente até cruzarmos a fronteira com o Uruguai. Lembramos que não tínhamos mais nenhum peso argentino na carteira e precisávamos trocar antes de partir. Como as casas de câmbio só abriam às 10 h, tivemos que esperar algum tempo para podermos cambiar alguns dólares (risos). Feito isso pegamos a estrada, tentaríamos chegar em Rivera até o anoitecer. Sair de Buenos Aires também foi super fácil e em pouco tempo já estávamos na Ruta 11 que nos levaria até o acesso a Ruta 14, onde cruzaríamos o rio Paraná em direção ao Uruguai.
Paramos para almoçar em Zarate e chegamos em Paysandú, na fronteira com o Uruguai, por volta das 17 h. Tivemos que pagar $ 11,00 de pedágio pra passar na ponte que liga os dois países (um absurdo em relação aos valores dos outros pedágios!). Chegamos na aduana, apresentamos os documentos necessários, legalizamos nossa saída da Argentina e preenchemos mais papéis para legalizar nossa entrada no Uruguai. Dessa vez os fiscais pegaram pesado e revistaram nosso carro todinho, o que atrasou muito a nossa viagem e nos rendeu a perda parcial de uma máscara de argila, que compramos em Purmamarca. Um policial grosseiro puxou um dos cobertores bruscamente de dentro do carro onde as máscaras estavam enroladas, trincando uma delas. Coisa que só fomos perceber quando chegamos em casa. Affffffffff....... sorte daquele “lazarento”! hahahahaha..............
Até ajeitarmos as coisas novamente no carro demorou um bocado e quando saímos da aduana já passava das 18 h. Afffffffffff.......... Não iríamos conseguir chegar a Rivera naquele dia. Rodamos o que deu pela Ruta 26 (mais uma paradinha para curtir outro belo pôr do sol) até chegarmos em Tacuarembó, uma cidade não muito grande e uns 115 km antes de Rivera, já perto das 20 h e foi lá que resolvemos passar a noite. Paramos em um posto para abastecer, trocamos alguns dólares por peso uruguaio (cotação: R$ 1,00 = $ 11,11), pedimos informações sobre hotéis, nos instalamos, jantamos e fomos dormir exaustas. Não agüentávamos mais dirigir! (risos).
GASTOS pesos argentinos: (colocarei as despesas em peso argentino e no final uma somatória em reais):
70,00 – posto Buenos Aires (8.391 km);
27,60 – 5 pedágios (incluindo aquele absurdo da ponte);
31,40 – almoço;
$ 129,00 = R$ 85,14

GASTOS pesos uruguaios: (colocarei as despesas em peso uruguaio e no final uma somatória em reais):
1.270,00 – posto Tacuarembó (8.965 km) – a gasolina voltou a ser mais cara que no Brasil;
210,00 – jantar + gorjeta;
505,00 – hotel;
$ 1.985,00 = R$ 178,67
TOTAL = R$ 263,81 (sobrando 247,61).
GERAL = R$ 6.720,01

30/08/07 (quinta-feira) – 28º dia – Tacuarembó / Rivera:
Acordamos e sem muita pressa fomos tomar café da manhã, que não foi muito diferente do servido na Argentina. Partimos pela Ruta 5 em direção a Rivera, chegando lá perto do meio-dia. Procuramos um restaurante e nos fartamos com uma saborosa picanha na chapa (que saudades!!!).
Perambulamos pelo centro da cidade que na verdade é uma Zona Franca, cheia de lojas que oferecem de tudo a preços super baratos, sem impostos. Uma festa para os consumidores, principalmente os brasileiros. Nos informamos que U$ 300 por pessoa era o limite de compras que podíamos levar para o Brasil sem precisarmos declarar na fronteira. Show!!! Fomos às compras e ficamos nessa tarefa até anoitecer. Saímos de lá a procura da aduana para legalizar nossa saída do Uruguai e não encontramos nada! Diferentemente das outras fronteiras, entre Brasil e Uruguai não existe uma rodovia ou rua que somos obrigados a seguir e que nos leva até uma aduana e, por incrível que pareça, quando nos demos conta já estávamos em solo brasileiro. Uma grande avenida corta a cidade, de um lado fica Rivera – Uruguai e do outro Santana do Livramento – Brasil. Perguntamos para algumas pessoas como faríamos e ninguém soube nos explicar. Até chegamos a ver uma placa informando a direção da aduana uruguaia mas estávamos cansadas e fomos procurar um hotel. Resolveríamos isso no dia seguinte.
A única coisa que perguntamos no primeiro hotel que achamos foi o que era servido no café da manhã. Café de grão, leite, chá, suco, pão e bolos de todos os tipos, presunto, queijos, requeijão, nata, geléias, iogurte, frutas, ovos, pão de queijo, salsichas, etc... À VONTADE, nem nos interessamos em saber de quanto era a diária! Era nesse mesmo que íamos ficar! (risos).
Nos instalamos, tomamos um banho e descemos para saborear uma sopinha servida no restaurante do hotel. TV e cama...
GASTOS pesos uruguaios: (colocarei as despesas em peso uruguaio e no final uma somatória em reais):
36,00 – pedágio;
30,00 – gorjeta;
$ 66,00 = R$ 5,94

GASTOS em reais:
34,00 – almoço;
257,60 – compras;
17,80 – jantar;
120,00 – hotel;
TOTAL = R$ 435,34 (sobrando 70,33).
GERAL = R$ 7.155,35

31/08/07 (sexta-feira) – 29º dia – Rivera / Nova Petrópolis:
Acordamos e fomos tomar café da manhã. Minha nossa, que banquete! Já estávamos com saudades dessa fartura toda. Olha... com certeza o que vimos foi fantástico, maravilhoso e já estamos morrendo de saudades! Mas comer como se come aqui no Brasil?!?!? É difícil!!!
Nos demoramos um pouco além da conta nessa tarefa e quando saímos do hotel já passava das 10 h. Ainda demos uma volta na cidade procurando a tal aduana, pois queríamos legalizar nossa saída do Uruguai mas não encontramos nada. Decidimos seguir viagem. Pegamos a BR 293 e logo depois a 158 e em pouco tempo estávamos em Rosário do Sul. De lá seguimos pela Rodovia Osvaldo Aranha (BR 290) até Porto Alegre, parando apenas para abastecer e fazer um lanche (o café da manhã tinha sido um exagero! Risos). Subimos pela BR 116 até Nova Petrópolis e onde iríamos ficar até domingo, fechando nossa bela viagem com o visual fantástico das serras gaúchas.
Chegamos por volta das 18 h, nos acomodamos em uma charmosa pousada, descansamos, tomamos um banho e fomos passear pelo centro da cidade até a Praça da República, que é mais conhecida como a Praça das Flores por estar sempre florida e bem cuidada, especialmente na primavera e no verão. Sua principal atração é o labirinto verde.
Entramos num simpático restaurante e o nosso jantar foi um delicioso rodízio de sopas. Uma delícia!
Fomos dormir pois estávamos pregadas, tínhamos rodado cerca de 600 km nesse dia.
GASTOS:
10,60 – 2 pedágios;
8,00 – lanche;
82,93 – posto Pantano Grande (9.487 km);
26,00 – jantar;
70,00 – pousada;
TOTAL = 197,53 (sobrando 130,86)
GERAL = R$ 7.352,88

01/09/07 (sábado) – 30º dia – Nova Petrópolis / Gramado / Canela:
Acordamos meio tarde e fomos tomar um café que, para nossa surpresa e deleite, era colonial. Não era completo mas estava uma delícia! Fomos até o centro da cidade visitar o Parque Aldeia do Imigrante. São mais de 10 hectares de área verde com espécies nativas onde encontramos artesanato (compramos mais um imã), malhas, culinária típica alemã e o Biergarten (Jardim da Cerveja). No interior do parque uma aldeia histórica foi reconstruída com prédios originais da época da colonização (1875 – 1910).
Voltamos até a Praça das Flores para fotografar a beleza de seus jardins sempre floridos e partimos em direção a Canela, passando batidas por Gramado. Chegamos por volta das 13 h, visitamos a Catedral de Pedra, fomos almoçar e depois rodamos pelas ruas em volta da igreja, entrando em pequenas lojas para comprar mais imãs e artesanato local. Visitamos o “Pinheiro Grosso”, uma araucária considerada a mais grossa da região, com 48 metros de altura e idade estimada em 700 anos, a circunferência de seu tronco, a 1,20 m do solo, é de 8,50 m.
- “Show de bola pinheirinho! Valeu amigão”. Com essas palavras nos despedimos dessa raridade e partimos para visitar a Cascata Caracol. A visão que se tem de cima é fantástica e uma escadaria gigante com 751 degraus nos leva até a base dela. Resolvemos encarar o desafio (eu né!!!! Sim... porque para Virna, acostumada com 2 h diárias de academia, isso era moleza! risos). O engraçado é que existem placas avisando: “Você já desceu X degraus. Para chegar a base ainda faltam X degraus. Verifique suas condições físicas. Descanse!”. Segui essas recomendações ao pé da letra (risos). Lá embaixo a visão da cascata também impressiona e não pudemos nos demorar muito porque já estava anoitecendo. A subida foi exaustiva e muito lenta (pra mim). A cada pouco as placas me davam novo ânimo: “Você já subiu X degraus. Para chegar ao topo ainda faltam X degraus. Verifique suas condições físicas. Descanse!”.! (affffffffff........ hahahahaha............).
Chegamos em Gramado por volta das 18 h, paramos para tirar a clássica foto do portal e voltamos para Nova Petrópolis.
Tomamos banho e fomos a pé até o restaurante para jantar. O cardápio escolhido foi um belo rodízio de fondue (queijo, carne e chocolate) acompanhado logicamente do nosso tradicional cabernet sauvignon, para fechar com chave de ouro nossa aventura que tinha começado há trinta dias atrás. Minha nossa, passou voando! Brindamos muito! Sorrimos muito! Estávamos felizes (tudo tinha corrido muito bem) e tristes (estava chegando ao fim) ao mesmo tempo.
Caminhamos silenciosas até a pousada. Com certeza momentos da viagem passavam por nossas lembranças e isso foi o suficiente para preencher aquele momento.
GASTOS:
10,00 – ingressos parque imigrantes;
33,55 – almoço + gorjeta;
46,50 – imãs + artesanatos;
12,50 – farmácia;
16,00 – entrada cascata caracol;
11,80 – 2 pedágios;
82,00 – jantar + gorjeta;
75,00 – hotel + águas;
TOTAL = 287,35 (sobrando 101,57).
GERAL = R$ 7.640,22

02/09/07 (domingo) – 31º dia – Nova Petrópolis / Apiúna:
Último dia de nossa viagem! Levantamos cedo, tomamos café e pegamos a estrada rapidinho pois a saudade de casa já era enorme. Seguimos pela 116 até Lages onde paramos para almoçar. Pegamos a 282 até o acesso a Otacílio Costa, abastecemos e seguimos em direção até a 470 e que nos levaria até nossa pequena Apiúna.
Chegamos em casa já passava das 16 h. Fomos recebidas com carinho e muitos latidos pela minha (ninguém gosta dela) saudosa "Bis" (uma pincher pra lá de barulhenta) e minha querida mamãe. Nos abraçamos e comemoramos nossa chegada, sentindo muita falta do Miskão e “quase” nenhuma do cigarro.
O odômetro do carro marcava 38.046 km.
Já estamos pensando na próxima aventura. Aguardem... (risos).
GASTOS:
21,00 – 4 pedágios;
32,00 – almoço;
30,00 – posto Otacílio Costa (10.124 km);
TOTAL = R$ 83,00 (sobrando 276,63).
GERAL = R$ 7.723,37


QUANTIDADE DE DIAS = 31
TOTAL DE QUILÔMETROS RODADOS = 10.249
GASTOS COM COMBUSTÍVEL = R$ 1.440,50
TOTAL DE GASTOS = R$ 7.723,37
TOTAL DE PERRENGUES = MUITOS POUCOS (hahahahaha..........).

Agradecimentos especiais a:
Edilson – de Ponta Grossa/PR, que nos deu as primeiras dicas da viagem;
Mazinho – de Apiúna, que nos emprestou o cambão;
Cristina e Cristiane – da Imobiliária Menegotti de Jaraguá do Sul, que nos enviaram o RG de Virna pelo sedex;
Fabíola – da agência Chile Turismo Aventura, que nos permitiu seguí-la pelo deserto e nos mostrou pequenos/grandes encantos do Atacama;
Jorge – de Viña Del Mar/Chile, que tentou nos ajudar quando atolamos;
Carabineiros do Chile – que nos tiraram do atoleiro.

VALEU! ATÉ A PRÓXIMA!